Passo o ano inteiro invejando as pessoas felizes do Facebook, com suas fotos de praias, sorrisos e passeios mundo afora, enquanto balanço no metrô, morrendo de preguiça de trabalhar. Agora, sou eu que estou viajando, mas fiquem tranquilos: prometo que está tudo péssimo. Aqui chove fazendo sol, e faz sol quando chove. Ou seja, o guarda-chuva nunca está na sua bolsa quando você precisa.
A comida é tão apimentada que até uma sopa de legumes te faz beber 5 litros d’água. Admito, a água é de graça e potável da torneira, mas os restaurantes não têm comida depois das 21:00 horas e o excesso de tapetes dá alergia até em quem nunca espirrou. Os ônibus têm hora marcada para chegar, mas são tão silenciosos que você se distrai no celular e não percebe que chegaram. Quando nota, já foram, e lá se vão mais 7 minutos e meio até o próximo!
Você economiza ficando num quartinho do Airbnb, mas no dia seguinte descobre que têm passarinhos na janela para te acordar às 5:35 da manhã. A cerveja é quente, as casas são velhas, os sotaques são impossíveis e os eventos têm música tão alta que ninguém consegue conversar. As pessoas te humilham distribuindo cartões coloridos feitos no Japão e ainda por cima ficam naquele vai não vai estranho porque nunca sabem com quantos beijos se despedir. Os patrocinadores te enchem de brindes, você é obrigada a comprar os livros dos amigos e depois acaba com a coluna para arrastar uma bolsa com 19 quilos sabendo que, no final do dia, não haverá farmácia aberta para comprar Dorflex.
Os banheiros públicos têm água quente, a Universidade faz treinamento anti-incêndio e te oferece WiFi gratuita que só termina de funcionar muitos quilômetros depois. Ok, até seria bom se você não se arrependesse da fortuna que gastou colocando um chip importado no celular! Na televisão, mulheres normais, de cabelos brancos e sem maquiagem, apresentam programas sobre arqueologia em horário nobre. Ah, e não falei dos preços… Custa quase meio salário mínimo para ter um Riocard com nome de ostra por uma semana, e são tantas linhas de ônibus, metrô e trem, que você se sente na obrigação de acordar cedo e ir para algum lugar!
Viu, gente, nada de inveja. Se vocês estão no Rio, sofrendo com os estudos para as provas de mestrado ou com os bloqueios olímpicos, fiquem tranquilos pois minhas férias têm sido só trabalho e sacrifício…
Alguém adivinha onde estou? 😉
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Segue o calendário de agosto! Tive que improvisar fazendo uma montagem no Photoshop com a imagem das bolinhas porque não tenho acesso a scanner daqui.
Vocês podem imprimir a imagem em .jpg ou em .pdf.
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Este é o primeiro post da viagem que fiz a trabalho em jul-ago/2016:
Viagem anti-inveja (Parte 2)
Viagem anti-inveja (Parte 1)
A liberdade de desenhar – Viagem com-inveja (Parte 3)
Londrinas – Ainda viajando (Parte 4)