Karina Kuschnir

desenhos, textos, coisas


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Calendários 2020 de Janeiro a Dezembro

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Para quem gosta de imprimir os calendários, seguem abaixo os PDFs de todos os meses de 2020 para download:

Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro.

Utilizei imagens anteriores, aproveitando o Photoshop para acertar as cores, ocupar melhor os espaços e clarear o branco do papel. Também marquei com desenhos os principais feriados de 2020 no Brasil. Espero que gostem!

Quem sabe agora vou começando a desenhar 2021 no ritmo certo: com calma. ♥

Muito obrigada pelas mensagens tão positivas pelo post de ontem. Continuar a desenhar e escrever voluntariamente aqui no blog é um dos meus focos de 2020.

Minha palavra-chave nos últimos anos têm sido “força”, mas estou cansada de tentar ser forte o tempo todo. Pra 2020, estou querendo liberdade e leveza.

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Revendo os calendários, amei os passarinhos que ficaram no mês de abril. Essa duplinha fofa (acima) parece que tá conspirando: — Bora voar?

Seguem todos os meses em imagens para vocês verem melhor:

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Sobre os desenhos: Quase todos os desenhos foram feitos com canetinha nanquim à prova d’água 0.05 (Pigma Micron ou Unipin) e coloridos com lápis de cor em papel A4 90gr comum. O único mês feito com marcadores é o de maio (tema Matisse), pois as cores tinham que ser bem fortes e sem textura.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2020. “Calendários 2020 de Janeiro a Dezembro”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3NC. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Maio/2019 – Nuvens

mai2019_pEssa semana minha grande inspiração foi o maravilhoso filme Pimenta nos Olhos da Andréa Barbosa e da Fernanda Matos sobre a região dos Pimentas, em Guarulhos-SP. É sobre jovens, redes, cidade, arte e conexões entre pessoas que acreditam no conhecimento. Fruto de um trabalho fantástico de ensino, pesquisa e extensão, coordenado pela Andréa e seu Visurb (Grupo de Pesquisas Visuais e Urbanas/UNIFESP) em parceria com o Lisa (Laboratório de Imagem e Som em Antropologia/USP). Que orgulho da vida universitária e das Ciências Sociais!

Como diz o Fabinho, um dos personagens do filme:

“quando eu terminar minha faculdade (…) eu vou sair pelo Brasil todo (…) passando tudo que eu sei para todo mundo, sem distinguir cor, raça, etnia. Eu tenho essa visão. Antes, o meu objetivo era conquistar algo — ter uma casa, um carro bom. Hoje, não mais. Hoje, meu objetivo, que vi [aprendi] através de professores e artistas, é passar conhecimento. Eu acho que esse é um bem que ninguém pode tirar de você.”

Quando eu tinha 19 anos, tive uma fase de sonhar que voava! Eram sonhos mágicos, de liberdade, de fazer planos e de ter esperança. Tenho saudades.

Mas o filme sobre o Pimentas me renovou esse espaço de imaginação, sensibilidade e criatividade. Espero que seja uma inspiração para vocês também.

Força a todos que estão precisando. Que possamos ter mais descanso, água, sonho, saúde, comida, amigos, bichos, plantas, livros, escritas, desenhos, música, arte, amor.

E que no meio de tudo isso não esqueçamos nem por um momento do que hoje nos parece mais distante e difícil de alcançar: Justiça.

Maio/2019 para imprimir aqui: arquivo em .pdf!

Sobre o desenho: Calendário padrão do mês impresso e depois colorido com vários tons de azul do lápis de cor Polychromos da Faber-Castell.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Maio/2019 – Nuvens”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Kg. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Maio/2018 — Burra ou teimosa?

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“O pensamento encontrou-se com a eternidade
E perguntou-lhe: de onde vens?
— Se eu soubesse não seria eterna.
— Para onde vais?
— Volto para de onde venho.”
(Murilo Mendes)

Vocês também têm a sensação de que o tempo nunca é suficiente? De que, por mais que nos dediquemos, há sempre algo a fazer, ler, escrever, resolver?

Bem-vindos ao clube.

Essa semana, fui tentar aplicar uma ideia dos livros de produtividade: “foque em resolver o trabalho mais importante primeiro”. Mas… e quando o seu “trabalho mais importante” é ler e entender um texto difícil, que não acaba nunca, cujo fichamento fica quase do tamanho do original, praticamente uma tradução de trechos inteiros com ajuda de três dicionários online?

Você é burra ou teimosa?

Os dois…

E se, nos intervalos, você ouve a voz dos gurus de auto-ajuda dizendo “vá lá, bastam 15 minutos de foco para esvaziar uma inbox!” Mas… ao invés de responder os e-mails urgentes, você resolve tentar baixar todos os artigos que o texto que você está lendo cita. E, assim, adicionando mais e mais “textos importantes” ao seu trabalho principal?

Você é burra ou teimosa?

Os dois…

Se você terminou a semana sem esvaziar sua caixa de entrada, sem responder as gentilezas que te escreveram, sem marcar aquela consulta necessária, sem voltar para a ginástica, sem escrever o post atrasado, sem fazer as compras do supermercado…

Você é burra E teimosa.

Pelo menos o texto está lido e fichado, me consolo.

Bem-vindos ao balanço desse domingo, pessoas queridas!

Se vocês estão lendo esse post, é porque chegamos juntos ao final de abril.  Aqui vai o calendário de maio para imprimir em .pdf.

Meu recado final é para as pessoas do mundo acadêmico que estão se preparando para os concursos de professor nas universidades federais: muita força para vocês, pessoal!

Uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida foi me preparar para um concurso. Estudar é mais árduo do que ir lá fazer: é trabalhar todos os dias no vazio, sem garantia.

Mesmo assim, vale a pena. Tudo que vocês estão lendo será um patrimônio intelectual próprio, pra sempre. Parafraseando Murilo Mendes, estudar é quando o pensamento se encontra com a eternidade. É quando todas as palavras que os livros nos legaram voltam para conversar conosco.

Pensando bem, ter passado a semana lendo um texto grande e difícil não foi tão ruim assim, vocês concordam? Será que posso ficar só me achando teimosa e não tão burra?

Sobre a citação: Trecho de um poema de Murilo Mendes citado por Silviano Santiago na página 82 do artigo “A permanência do discurso da tradição no modernismo”, publicado no livro Ensaios Antológicos (Ed. Nova Alexandria). Agradeço ao Juva pela citação, ao me ouvir reclamar do tempo. ♥

Sobre o desenho: Flores com cores meio psicodélicas, tipo anos 1970, inspiradas no tecido de uma blusa que eu tenho. O scanner foi ingrato com o original, ora estourando, ora saturando alguns tons. Levei uma surra para chegar nesse resultado mais ou menos próximo do original. As linhas foram feitas com diversas canetinhas Pigma Micron coloridas e o restante foi colorido com lápis de cor Caran D’Ache e Prismacolor.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2018. “Maio/2018 — Burra ou teimosa?”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Ef. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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5 razões para dizer sim e Maio/2017

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Certa vez, minha amiga Claudia contou que sua neta mais velha era o oposto dela: adorava colocar salto alto, usar frufrus e passar maquiagem. Quando a avó hippie lhe perguntou porque ela fazia isso, a resposta foi curta e direta: “Porque sim, porque eu gosto, vó!”

Que simples. Isso de agradar a todo mundo é uma areia movediça que engole o nosso cérebro. No cotidiano, no mundo acadêmico, na vida. Com minha mania de querer justificar o que faço com base nos Valores Maiores do Mundo, vivo atormentada. Tocar violão com a Alice, comprar presentinho para os amigos, ir para a academia, desenhar e escrever para o blog — tudo que não se encaixa na categoria “útil/obrigatório” na minha agenda vira um debate interno: por que, por que, por que? Ainda estou aprendendo a dizer: “porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem”. Meninas que me leem: vamos treinar dizer essa frase em voz alta? Aí vai em destaque:

“Porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.”

Normalmente, numa revisão de texto bem-feita, eu cortaria o pronome “eu” dessa frase, já que há uma redundância em escrever “eu gosto”. No entanto, resolvi deixar redundante mesmo. Afinal, na contramão do mundo narcisista e egocêntrico, aqui no blog somos uma turma de problemáticos que precisa aprender a se aceitar.

Portanto, vamos treinar dizer, em várias situações:

  1. Vou fazer [tal e tal coisa] porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.
  2. Desejo [isso e isso] porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.
  3. Vou me empenhar [em tal e tal coisa] porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.
  4. Vou me doar [para essa causa] porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.
  5. Gosto [dessa pessoa] porque sim, porque eu gosto, porque me faz bem.

E aí, conseguiram? É simples, é bobo, mas é forte, né? Notem que acrescentei na frase da neta da minha amiga a expressão final “porque me faz bem”. Sem esse detalhe, nosso eu destrambelhado correria o risco de sair por aí fazendo muitas, muitas besteiras. Não sei o de vocês, mas o meu com certeza. Por isso adicionei esse lembrete; para não me esquecer de que nem tudo que gosto, ou acho que gosto, me faz bem; e, para essas situações, talvez seja melhor dizer um singelo “não”.

O calendário de maio — esse mês que é o preferido de tantas pessoas e também um dos meus — foi inspirado num acontecimento das últimas semanas. Ajudando a Alice a arrumar as coisas da escola, percebemos que o lápis-de-cor vermelho dela estava no finzinho. Fui espiar na lata em formato de Bob Esponja onde guardamos lápis-de-cor usados. Ao procurar algum da cor vermelha, só achei cotoquinhos antigos, pequenos pedaços de memórias da vida das crianças. Fiz até uma foto para mostrar pra vocês.

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Ainda bem que aquela Marie Kondo não faz sucesso aqui em casa. Ela jogaria tudo isso no lixo. Nós não conseguimos. Não foi à toa que outro dia a Alice tirou dez no trabalho autobiográfico para a aula de história. Um dos critérios de avaliação era a diversidade de fontes. Nem preciso dizer que tínhamos ticket de teatro infantil, ingresso de museu e até xerox do passaporte português do Ulisses. Imagina a felicidade do professor! E da mãe! Quanto ao lápis vermelho: consegui comprar um avulso na papelaria JLM, no Largo do Machado.

Sobre o desenho: Para o desenho no calendário, fiz os mini-lápis com uma canetinha preta de nanquim permanente Pigma Micron 0.2. Depois o Antônio me ajudou a escolher as cores e colorir. Tentamos sair do óbvio, explorando a caixa de Polychromos da Faber-Castell, utilizando ocres, sépias, sanguínea, turquesa, verde cobalto, entre outras. No final, fiz as sombras com uma caneta pincel Tombow cinza n.79.

Para imprimir o calendário, cliquem no .pdf ou na imagem acima (em .jpg).

6 Coisas impossivelmente-legais-bonitas-interessantes-ou-dignas-de-nota das últimas semanas:

♥ Adorei o post Coordenando, escrito pelo João Marcelo Maia, avaliando o aprendizado positivo na sua gestão como coordenador do curso de Ciências Sociais da FGV do Rio. Acho importantíssimo valorizar o trabalho administrativo feito por professores, num campo que o torna invisível pelos critérios de agências e fóruns científicos. Li uma parte para minha turma no IFCS e tivemos uma boa conversa sobre o tema da saúde mental no mundo universitário. Em breve, conto aqui.

♥ Continuo na “dieta” de abstinência do Facebook e Instagram. Eu já tinha um uso parcimonioso, mas ando numa de escrever e ler mais, com menos interrupções. Também gosto da ideia de parar de enriquecer Zuckerberg e cia. Confesso que não sinto saudades dos feeds, mas sim dos amigos que fiz por lá… ainda estou na dúvida se devo (e como) voltar.

♥ Por falar em escrever mais, retomei a prática de escrever pelo menos 300 palavras todos os dias (de semana!). Utilizei um método assim na época em que escrevi as teses de mestrado e doutorado. É impressionante como dá para cumprir esse hábito, às vezes, em apenas 15 minutos! Além do prazer de “ter escrito”, acabo dando conta de registrar logo algum acontecimento do dia anterior que pode ser útil depois, como resumo de aulas dadas, ideias para o blog, aulas e planos futuros etc. Claro que, em alguns dias, fico empacada, digitando bobagens e tudo bem.

♥ Descobri um guia de Emojis fofo para usar no Todoist, o aplicativo que uso para anotar tarefas. Para quem gosta desse tipo de utilidade inútil, também existem guias de códigos-Alt para digitar símbolos em teclados comuns (como os coraçõezinhos — Alt-3 — dessa lista).

♥ Consegui convencer as crianças a dar uma chance à série Abstract: the art of design do Netflix. Muito simpática, pelo menos o primeiro episódio, com momentos que misturam documentário e animação.

♥ Pesquisando para dar uma aula, acabei assistindo a divertida palestra “Sua linguagem corporal molda quem você é“, da Amy Cuddy no TED Talks. Impossível não terminar sorrindo! ☺

Você acabou de ler “5 razões para dizer sim e Maio/2017“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! 🙂

Como citar: Kuschnir, Karina. 2017. “5 razões para dizer sim e Maio/2017”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: http://wp.me/s42zgF-lapis. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Power Up em Maio/2016!

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Vamos fugir | Pr’outro lugar | Baby! | Vamos fugir | Pr’onde haja um tobogã | Onde a gente escorregue | Todo dia de manhã | Flores que a gente regue | Uma banda de maçã | Outra banda de reggae… (Gilberto Gil, Vamos Fugir)

Fizemos tantos planos em abril mas, como diria o Garrincha, esquecemos de “combinar com os russos”! No caso aqui de casa, os “russos” foram nossos corpos e anticorpos… Nas últimas semanas, nós três tivemos duas amidalites, duas contusões, algumas alergias e uma gastroenterite de derrubar, com direito a dois hospitais, várias picadas de agulha e uma tipóia (pra Alice, claro). Nem sei se o pior foram os incômodos físicos ou as horas e horas de espera nas clínicas dos planos de saúde e os gastos com remédios e médicos particulares… Foi um período de aceitar nossos limites. E de agradecer por termos ficado todos bem (eu ainda-quase).

Ausente aqui do blog por conta de tudo isso, pensei muito em vocês que programaram abril para se dedicar a escrever um capítulo da tese ou terminar a qualificação ou escrever um projeto. Secretamente desejei que todos estivessem sãos e fortes! Pior do que se sentir mal é a culpa de se achar incapaz de cumprir as próprias promessas! Sou a primeira dessa fila.

A inspiração para o calendário de maio veio de um vídeo inusitado sobre Corita Kent, uma freira que virou artista! Lá no fim do mini documentário, vi uma imagem criada por ela com a mensagem: “POWER UP” em cores próximas a essas que utilizei. Nas traduções da internet, achei um monte de significados legais para a expressão: energizar, dar força, recarregar, abastecer, ativar! Comecei o calendário por aí e fui atrás de um livrinho que li há uns anos sobre tipografia (Esse é meu tipo: um livro sobre fontes, de Simon Garfield, da Zahar). Me inspirei na Johnston, a primeira fonte considerada popular e de uso cotidiano, famosa por ter sido feita para o metrô de Londres. Minha versão está longe de correta, mas tenho certeza de que o deus-das-fontes-perfeitas me perdoa, só por hoje. Que maio traga um power up e tudo que o Gil fala na música: mais reggae, maçã e tobogã pra todos nós!

Sobre o desenho:  Utilizei canetinha Pigma Micron 0.2 para os contornos, colori com hidrocor Staedtler triplus color (canetinhas amadas vivendo seus últimos dias… chuinf), e fiz sombras com uma ponta pincel da Tombow n.79 (cinza claro quente).

Para o calendário: clique na imagem acima para imprimir em .jpg ou nesse arquivo .pdf

Links: A música do Gil tá aqui. O mini-doc sobre Corita Kent aqui (a imagem Power Up está em 3:33′). Cheguei nele através das dicas sempre ótimas da página Diário Gráfico. Para ver muitos significados de palavras, adoro esse dicionário online. E o livro sobre as fontes — acabei de descobrir — está praticamente de graça no site da editora!

(Por recomendação médica, as coisas-impossíveis ficam para um próximo post!)


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Gato sarado, dona arranhada, calendário de maio

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Gato Ulisses bem melhor! A sequela é que está bravíssimo comigo, que não paro de enfiar comprimidos, azeites e outros unguentos goela dele abaixo. O problema é o intestino inflamado, mas sobrou até pro olho, que está levando colírio três vezes ao dia. Ele odeia.

No início do tratamento, tudo se compensava quando eu vinha mimá-lo com o pote de ração úmida, mais cara que caviar russo, e que ele ama (e seus companheiros comem de lambuja em delírio gatífero). Hoje, para deixar claro que não somos mais amigos, ele olhou para a iguaria, começou a cobrir com a pata (tipo “isso é lixo”) e me olhou feio, como quem diz:

“Não venha me seduzir com esses ópios felinos… Sei muito bem que depois você vai enfiar aquela joça amarga na minha garganta.”

E partiu para o arranhador, onde sempre desconta suas mágoas e zangas. Ufa. Sinal de que está voltando ao normal, pois ele é assim, muito previsível.

Chave na porta? Ulisses pensa: “bora tentar fugir” ou “bora não deixar ninguém sair”. Na primeira opção, passa como um raio por entre as nossas pernas. Numa dessas, no prédio antigo, quase foi morto pelo chow-chow da vizinha, mas outra vez quase foi parar na portaria, para nosso desespero. E na casa provisória, nos deixou trancados do lado de fora, como contei nesse post aqui.

Quando está com preguiça, no entanto, Ulisses resolve que nenhum humano deve deixar seu reino: corre pra porta e se joga de barriga para cima, miando alto feito um lobo uivando pra lua, como quem diz: “Estou mal, muito mal, preciso de cuidados, e você, ó humano cruel, vai me abandonar aqui sozinho, forever alone…” É seu papel preferido — Ulisses-the-drama-king.

Nesses tempos de convalescença, seu maior consolo foi poder dormir com a Alice e saber da notoriedade aqui no blog. Vaidoso, não pode ver visita, entregador, porteiro, vizinho. Quer logo fazer amizade e ouvir: “que gato bonito”, “que gato engraçado”, “nossa, como ele é simpático”. Ele só não fica muito feliz quando reparam nos seus defeitos: “Ixe, a cabecinha dele é meio torta?”, “Ele não tem dente de um lado da boca?”, “Ele é agitado assim mesmo, feito um cão?”. E nós sempre respondendo: “É sim, sim, sofreu muito… Mas pode fazer carinho… Ele adora aventura e gente estranha.”

Assim estamos indo: ele bem melhor e eu mais pobre (de tanta despesa do tratamento) e toda arranhada (de tanto dar remédio), mas muito, muito feliz, de ver meu gatinho amado voltando a ser quem ele é.

Ulisses mal sabe, mas em breve, muito breve, ele vai ficar famoso de verdade! Cariocas, guardem a data: 11 de junho!

7 Coisas impossivelmente-legais-inusitadas-interessantes-engraçadas-difíceis-ou-dignas-de-nota da semana:

* Surpresa maravilhosa de uma aluna recém-chegada na minha vida: em plena segunda-feira, às 18:15 da noite, eu longe e preocupada com o gato, a Regina me entrega um livrão incrível e diz: “Olha, professora, lembrei de você…” Era simplesmente o “Margaret Mee – Em busca das flores da Amazônia”, um volume incrivelmente bonito e interessante, que me fez esquecer tudo de ruim do dia, da cidade, do país, do mundo. Muito obrigada, Regina!

* Alice assim, como quem não quer nada, está cada vez mais interessada nas aquarelas! Eu tinha um estojo parado na gaveta que agora está a pleno vapor. Todo dia de manhã a gente experimenta um pouco. São momentos mágicos vê-la se maravilhando com as misturas de cores, água e pincéis. Um simples conta-gotas virou um tesouro no seu estojo hoje!

* Li metade do romance que chegou via Estante Virtual na semana passada: O Senhor March, da Geraldine Brooks (Ediouro, prêmio Pulitzer), mas cansei. A melhor coisa foi o capítulo em que o personagem principal encontra Henry David Thoreau, pois descobri que o filósofo foi também inventor do lápis a grafite moderno! (E já deu vontade de comprar mil livros sobre a história do lápis, claro, mas o dólar tá caro…:-( ). O livro, no entanto, não me conquistou.

* No domingo, ganhei de presente de um amigo muito querido dois pincéis de aquarela maravilhosos  — e ainda por cima vindos diretamente de Londres, cidade para onde mais desejo me transportar num futuro próximo. (Oops, meu passaporte tá vencido.)

* Aliás, para quem ama Londres, design, arte, livros: o blog London Letters, do Claudio Rocha, é uma lindeza de ver e de ler!

* Um presente para todos que amam desenho: novo pequeno filme Tommy Kane Draws Hong Kong, Imperdível!

* E, pra terminar: esse é o 70º post do blog, justamente no mês em que chegamos a impossíveis 70.000 visitas!

Sobre o desenho: Calendário de maio inspirado nos desenhos das estações do ano de uma ilustradora romena que sigo no Instagram, perfil @aitch.ro. Como não ficava bem sair só copiando, incluí algumas referências de outonos da minha infância (as amêndoas, a flor do abricó-de-macaco, os caquis e as flores vermelhas da Escola Parque) e do Jardim Botânico (a folha de palmeira-de-leque-da-china e seus frutinhos roxos, e uma vitória régia). As nuvens azuis são ideia da @aitch.ro, e achei que eram perfeitas para o céu de maio. As linhas foram feitas com canetinha Pigma Micron 0.2, as cores com aquarela Winsor & Newton, pincéis waterbrush Kuretake e sombras com uma Pitt Brush Faber-Castell warm grey 270.