Karina Kuschnir

desenhos, textos, coisas


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Calendário 2024 para imprimir

“Para ter esperança, é preciso reconhecer que não sabemos tudo e não sabemos o que acontecerá. Se abrir às possibilidades e se permitir se transformar é a única forma de seguir em frente e continuar a fazer arte.” (Austin Kleon, Keep Going, p. 132)

A todos que estão diante da página em branco: criar é desafiador mesmo. O desconhecido nos amedronta e desestabiliza. E a gente se pergunta: por que nos colocamos nessa situação? É que a criação tem um poder mágico — nos energiza e nos fascina! Como escreveu Austin Kleon, criar é assumir nossa esperança no mundo e “seguir em frente” mesmo com todas as dúvidas e incertezas. Continuemos!

E assim surgiu mais um presentinho para vocês (e para mim mesma)! Fiz um calendário mensal tipo planner. A mesma folha pode ser reimpressa ao longo do ano. Basta escrever o nome do mês no topo e preencher os números dos dias nos quadradinhos. Ao lado do mês, fiz um espaço para listas de objetivos, tarefas, compras e o que mais vocês quiserem registrar.

Aqui vai o PDF em alta resolução para baixar e imprimir.

Um ano de muitas criações e esperanças para nós! ♥

Sobre a imagem: A inspiração para esse formato de calendário-planner veio da ilustradora Fran Meneses (@frannerd), que costuma fazer um desses anualmente para quem participa da plataforma Patreon dela. Eu já tinha a estampa pronta de uma época em que fiquei viciada em fazer essas folhinhas com aquarela e depois desenhar padrões por cima. Não anotei data nem detalhes, mas foi feita no verso de uma pintura que não gostei, em papel Arches (não consigo desenhar nem pintar em materiais caros! rs). Folhinhas em aquarela de cores variadas. Padrões em linha preta com canetinhas Pigma Micron 0,1. Outros materiais de pintura e desenho que utilizo com frequência vocês encontram aqui.

A folha era maior do que A4, por isso o scanner não deu conta direito. Juntei quatro dessas imagens no aplicativo Procreate no Ipad e fiz os ajustes para preencher os vazios e manter o fundo branco. Depois desenhei as linhas em tom de verde com o pincel Narinder pencil (meu favorito do Procreate). Consultando Antônio e Alice, resolvi deixar a parte da lista com 15% de transparência para não ficar idêntica ao calendário. Inclusive, vocês podem cortar a imagem e imprimir só essa seção. ♥

versão escaneada sem ajustes

Sobre as citações: tradução livre de trechos do livro Keep Going, de Austin Kleon. A versão em português chama-se Seguir em frente (Rocco, 2019). Recomendo demais esse livrinho sábio e despretensioso.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2024. “Calendário 2024 para imprimir“, Publicado em karinakuschnir.com, url: https://wp.me/p42zgF-42V. Acesso em [dd/mm/aaaa].

Amo receber comentários e mensagens. Leio todos, só que nem sempre consigo responder com o carinho que vocês merecem. Querendo continuar a conversa, me chamem no chat do Instagram! Obrigada por estarem aqui.♥.


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Julho/2022 – Com a paciência de um boi

“Há uma frase de Gustave Doré que sempre achei muito bonita: Eu tenho a paciência de um boi. Vejo nesta frase ao mesmo tempo algo bom, uma certa honestidade decidida; enfim, esta frase contém muitas coisas: é uma verdadeira frase de artista. (…) Eu tenho paciência, como é calmo, como é digno;” (Vincent Van Gogh)

Paciência é das virtudes que mais admiro. Como escreveu Van Gogh: como é calma, honesta e digna.

Desejo paciência nos dias em que o luto parecer interminável; paciência para a mãe do bebezinho aprendendo a mamar; paciência para a amiga fazendo quimio (tendo que lidar com a pneumonia do companheiro); paciência para a Ana Paula Lisboa continuar escrevendo; paciência para quem enfrenta enfermidades longas; paciência para todos os brasileiros para mais um dia, apesar de tudo.

Que a calma e a dignidade da paciência contagiem vocês, leitores queridos. Que o mês de julho venha renovar o nosso estoque. Baixem aqui o arquivo PDF para imprimir.

Que a segunda metade de 2022 seja generosa para nós. ♥

Vincent Van Gogh, 1883, vaca deitada

Sobre a citação na epígrafe: Trecho da página 123 do livro “Cartas a Théo”, de Vicent Van Gogh, edição L&PM Pocket, tradução de Pierre Ruprecht.

Sobre o desenho: Aquarela feita em papel Canson Montval, depois desenhada com canetinha Wacom e editada no Photoshop. Uma explicação detalhada sobre como tenho feito os calendários está no post de junho

Sobre a pintura: Imagem de pintura a óleo de Van Gogh de sua página na Wikiart (onde se pode ver mais 1930 desenhos e pinturas dele). Há lá também uma página sobre o artista Gustave Doré, citado por Van Gogh na epígrafe.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2022. “Julho/2022 – Com a paciência de um boi“, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Y3 Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Quinze dicas para ajudar a ler textos acadêmicos (ou não)

“Quando meu filho estava com oito meses, podia-se dizer de verdade que ele devorava literatura. Se alguém lhe dava um livro, mastigava-o.” (Anne Fadiman)

Quem se identifica com a ideia de “devorar” livros levanta a mão! Para mim, faz todo sentido. Quando uma obra me conquista, sinto que entro num espaço de prazer, como se estivesse comendo as páginas, de tão boas. Só que nem sempre é assim…

Um dos maiores desafios da vida acadêmica é a quantidade de leituras de que precisamos dar conta. Gostaríamos de ler mais do conseguimos e, pior, nem sempre podemos decidir o que vamos ler. Faz parte: alunos têm que passar pelas bibliografias que os professores selecionam; docentes precisam encarar leituras essenciais para suas pesquisas e ainda monografias, teses, dissertações e trabalhos de curso.

Como dar conta de ler tudo? Listo abaixo algumas dicas a partir da minha experiência e das dificuldades pelas quais passei. Foi mais ou menos isso que aprendi:

1) Prazer de ler – Para saber se estou na área de pesquisa certa, sempre me pergunto: “sinto prazer de ler os textos que estou lendo?” Muitos alunos me escrevem em dúvida sobre qual caminho ou tema seguir. Minha primeira sugestão é se questionar: sobre o quê você realmente gosta de ler? Porque, uma vez escolhida a área, haverá uma montanha de textos para dar conta. Foi assim que descobri meu amor pela antropologia, depois de passar por design, publicidade e jornalismo: quando me deparei com textos como o “Pessoa, tempo e conduta em Bali”, de Clifford Geertz, percebi que queria mais!

Só que dentro de uma área existem centenas de recortes possíveis. Inclusive, isso me lembra um episódio vergonhoso da minha vida acadêmica, quando fiz uma pesquisa numa universidade no exterior. Apesar de toda a alegria de ter recebido o auxílio para esse trabalho, passei boa parte do meu tempo lendo livros e fuçando bibliotecas sobre outro assunto. Pois é. Isso foi há muitos anos! Já fiz relatório, publiquei, prestei contas, tudo certinho. Só que até hoje me sinto culpada por ter me dedicado menos do que deveria às leituras apropriadas. Demorei a perceber que aquela “fuga” era um sinal de que estava na hora de mudar. (Voltarei a esse tema adiante.)

2) Organização do calendário – Ao começar um semestre, pego um calendário dos próximos meses e assinalo todos os compromissos, como aulas, defesas, bancas, congressos etc. Pesquiso e marco os feriados. Feito isso, tento calcular qual será o volume de leitura de cada etapa (por semana). Se eu tiver períodos de sobrecarga ou de eventos, tento compensar programando menos textos nas aulas da época.

Sei que é difícil prever tudo isso, mas essa lista é para lembrar de tentar. Ao aceitar participar de uma banca, por exemplo, tento aliviar a carga de leitura daquela semana. Ah, Karina, isso não existe… Gente, não é porque não existe que não devemos querer que passe a existir. Já vi várias vezes colegas chegarem em bancas sem terem lido direito o material do candidato; e eu mesma já cheguei numa aula sem me sentir preparada. Então vale estarmos atentas: somos humanas e nossa capacidade de leitura é finita!

3) Calcule sua capacidade de leitura por número de páginas – Uma das dicas mais importantes é aprender quanto tempo levamos numa leitura. Aprendi fazendo assim: ao começar um texto, anotava o horário de início no alto da página. Seguia lendo até a primeira interrupção, quando escrevia novamente o horário da pausa, mesmo que fosse para ir ao banheiro ou buscar um copo d’água. Fui fazendo isso em vários os textos até chegar numa média de velocidade para cada tipo de texto. Por exemplo: leituras em português ou em língua estrangeira; não-ficção ou ficção; texto obrigatório x texto complementar; texto em PDF x texto em papel; livros x artigos; leituras x releituras; trabalhos de alunos, dissertações ou teses. Cada material desses traz pequenas alterações no nosso rendimento. Eu não medi todos eles (não sou tão obsessiva assim!) A ideia é chegar numa média, numa medida realista da nossa velocidade. Por exemplo, no meu caso, costumo ler de 20 a 30 páginas por hora. (Pode ser menos ou mais a depender dos fatores envolvidos, como explico abaixo.)

4) Calcule sua capacidade conforme o objetivo da leitura – Outra dica importante é entender quanto tempo você leva para ler um texto sobre o qual deverá falar, apresentar seminário ou dar uma aula sobre. Nesses casos, eu, pelo menos, preciso sublinhar, anotar e, se possível, fazer um fichamento. Então não adianta utilizar as medidas de leitura do item 3. Eu sei, a gente insiste em achar que vai dar, mas não dá. E dá-lhe virar noite ou chegar na aula insegura porque não fez o trabalho direito. Melhor fazer um planejamento pragmático. Para citar o meu caso, fui preparar uma aula sobre um texto de apenas 22 páginas (que já tinha lido antes): levei 1 hora e meia entre reler e fichar os principais pontos para falar.

5) Calcule sua capacidade de leitura conforme o período do dia ou da semana – Nossos corpos têm ritmos distintos e níveis de concentração muito variáveis. Sou do tipo que prefere varar a madrugada. Nunca entendi quem dorme cedo e coloca o despertador para as 5 da manhã para terminar de preparar ou ler algo! Simplesmente não funciono nesse horário, mas tem gente que sim. Outra coisa muito idiossincrática minha: às vezes prefiro acumular um volume maior de leituras para sábado e domingo, do que ler um pouquinho todos os dias (principalmente trabalhos monográficos). Depende de cada um encontrar o seu jeito; e não tem jeito certo, desde que você termine a tarefa a tempo sem se esgotar.

Depois de medir uma participação em banca de doutorado (tese grande), cheguei à conclusão de que gastei quase 6 dias inteiros de trabalho, entre leitura, preparação da arguição e a defesa em si. Sim, seis dias rolando com a tese e as demais tarefas de dona-de-casa, mãe e professora. É muito! Então, toda vez que me convidam para uma banca, já tenho uma noção bem realista do tempo que vai me tomar. (Quando o trabalho é bom, tudo ótimo, aprendemos bastante… Mas quando é ruim, que sofrimento. No fundo, a grande medida para tudo isso é a qualidade do texto. )

6) Não dá para ler tudo – A vida é feita de escolhas, né? Essa é bem clichê mas a gente insiste tanto nesse erro que vale apontar: não dá para ler 1500 páginas por semana! E digo isso para alunos, que se sentem culpados porque não deram conta; e repito para os professores que (ainda) fazem seus programas de curso como se esquecessem que os alunos têm outros cursos para atender. Para ler 1500 páginas por semana, a pessoa teria que ler 11 horas por dia, de segunda a domingo (média de 20 páginas/hora). Quem tem condições de fazer isso? Eu até posso ler (e leio) um romance de 900 páginas numa semana livre. Mas isso se for uma boa ficção e eu estiver de férias! (Mesmo assim, varia. Por exemplo, li em seis dias Um defeito de cor, da Ana Maria Gonçalves; mas levei várias semanas para ler Middlemarch, da George Eliot. Ambos são imensos e adoráveis, mas são narrativas com ritmos diferentes.)

Sim, sei que alguns alunos ainda precisam aprender a se concentrar e a priorizar a tarefa da leitura. Ler para uma aula é parte do trabalho de ser estudante. Não desanimem, tá? A velocidade melhora com a prática e conforme vamos nos familiarizando com a linguagem acadêmica e com o vocabulário conceitual da área em que estamos inseridos. E às vezes o problema não é seu: é que o texto é ruim mesmo! Saber identificar essa diferença é um aprendizado. Tenham paciência.

Pelo lado dos professores, porém, vejo que alguns programam textos demais por aula. Isso pode ter motivos válidos, como apresentar um curso bem completo com o “estado da arte” de um tema. Mesmo nesses casos, o docente, na minha opinião, deveria calcular uma quantidade de texto obrigatória razoável: em torno de 100 páginas por semana numa pós-graduação que exige que o estudante faça três ou até quatro disciplinas por semestre. O restante pode ser indicado como leitura complementar. Alguns professores esquecem que eles leram aqueles textos ao longo de muitos anos, e não em poucos dias, como estão exigindo dos alunos. E tem os que montam programas imensos por vaidade mesmo. Sem comentários…

7) Tenha um kit de leitura (acessórios, bebidas e comidas) – Sou dessas que não consegue ler sem óculos e uma lapiseira na mão. Esse é meu kit-mínimo. Não importa se estou lendo romance, livro acadêmico, artigo, até PDF: preciso sublinhar, marcar, anotar. Minha companheira preferida é uma lapiseira Pentel 0.7, com grafite pelo menos 2B — se tiver 3B, melhor. Passei a comprar cor-de-rosa-choque porque as crianças não gostavam. Mas isso é passado. Hoje a Alice tem uma igualzinha e Antônio já me roubou várias. A solução foi enrolar washi tape para marcar a minha. 😉

Tenho um pequeno sistema de códigos pessoal de anotação, com carinhas (sorrindo, chorando, com raiva e de boca aberta), coração, pontos de exclamação e um sinal para quando encontro erros tipográficos. Sempre acho que vou escrever para a editora para avisar do erro, mas depois a preguiça me vence. Outra coisa que faço, quando gosto muito de uma frase ou expressão: reescrevo com a minha letra no alto da página, colocando entre aspas, só para destacar bem ou porque pode ser algo para trazer para o blog. Não uso caneta mas adoro rever um livro cheio de anotações. Quando não tem, é porque não gostei ou li correndo.

Além da lapiseira, costumo ter um lápis-borracha e um caderno ou bloquinho de rascunho. Outra coisa que não pode faltar: post-its de vários tipos. Quando já sei que vou dar aula sobre o texto, marco páginas com trechos essenciais para ler com os alunos. Em livros que não posso anotar, colo post-its maiores com anotações sobre os trechos que pretendo utilizar depois. Já tive suportes de leitura, desses que mantém os livros inclinados na mesa, mas o meu preferido quebrou e nunca mais consegui um igual (era cheio de regulagens, super leve, perfeito).

Finalmente, tem a parte sobrevivência para me manter acordada: comes e bebes! Copo d’água, chá, mate, refrigerante, suco, água com gás, vale tudo né? (Quem leu o post sobre meu TCC, sabe que ele foi feito à base de coca-cola diet. Tomei tanto que nunca mais! Café não está na minha lista porque não tomo, me perdoem a falha.) De comidinhas, prefiro todas que sejam pequenas e picadas, para durarem mais: pipoca, frutas cortadas ou uvas, passas, castanhas, biscoitos, chocolate amargo, até semente de abóbora. Serve qualquer coisa que me mantenha mastigando por um tempo, com o cuidado de não ser muito trash para não dar dor de estômago. Uma época, fiquei com mania de comer torrada seca (de pacote) picada em pedacinhos para render mais. Hoje em dia, costumo comer coisas sem glúten e continuo viciada no mate solúvel (sem açúcar); mas também tomo bastante chá, se estiver frio.

8) Prepare e varie seu local de leitura – Esse post começou inspirado no desenho do início: eu lendo no quarto da Alice com meu gato Charlie. É o único cantinho da casa onde tem rede e ainda bate o sol da manhã. Tornou-se um dos meus locais preferidos para leituras longas de trabalho. Na sala tem um cantinho bom perto da janela. Pra mim, o importante é ter boa iluminação, pois não enxergo bem, nem de perto, nem de longe. Por isso, reforcei as luminárias e lâmpadas em todos os cantos da casa onde pude. Meu sonho ainda é melhorar essa parte e, principalmente, no futuro, ter uma varanda.

Fora isso: uma leitura longa pede apoio para os pés, ventilador no calor, cobertor no frio! Se bater o sono, vale sentar numa mesa de trabalho mais formal ou até ler em voz alta. Mesmo mudar de lugar dentro de casa, ou ler num outro local ajuda. No meu prédio tem um espaço que dá para ler no terraço. Não vou sugerir que vocês leiam em cafés e bancos de praça porque não estamos no Instagram, né? Pelo menos no Rio de Janeiro, sei lá, é bem surreal: se for silencioso, é caro; se for barato, é barulhento; se for na rua, é sujo ou num cenário de desespero social. Talvez na praia ou em uma biblioteca dê jeito. Vocês conseguem?

9) Ler em papel ou PDF – Sou totalmente adepta da leitura em papel. Ler em telas é uma tortura, seja pelo cansaço ocular, seja porque não consigo memorizar os conteúdos. Computador, notebook, tablets, Kindle: todos me trazem a mesma dificuldade. Não sinto o texto, não me aproprio das palavras, não rendo.

Só que preciso ler PDFs mesmo assim! Na área acadêmica é praticamente impossível evitar. Quando não tem jeito, utilizo o aplicativo Books do Ipad e uso a canetinha para destacar ou anotar. Se for uma leitura importante, faço um fichamento à parte. Sobre o Kindle, não tenho, mas utilizo o app para Android e Ipad. Além dos preços mais baixos e do acervo de livros gratuitos (domínio público), a grande vantagem é a função de reunir todas as nossas marcações num arquivo à parte. Isso já me salvou para fazer bons resumos e selecionar trechos para artigos.

10) Ler livros, capítulos ou artigos – Assim como prefiro papel, também sou fã de ler livros inteiros ao invés de capítulos ou artigos. Semestre passado inclusive, dei um curso de graduação cuja bibliografia obrigatória era o volume todo do Truques da Escrita, do Howard S. Becker. As demais referências eram complementares. Os alunos adoraram. A maioria me disse que nunca tinha lido um livro acadêmico do início ao fim na faculdade!

Sei que essa não é uma proposta fácil, nem factível em todos os tipos de cursos. Mas reforço a ideia que defendi acima: não é porque uma prática não ocorre que não devemos desejar que passe a ocorrer. Os textos que mais marcaram minha vida foram livros que li integralmente. Foi esse tipo de leitura que me formou e é isso que desejo para minha vida e para a dos meus colegas e alunos.

11) Renove suas leituras com resenhas, entrevistas, ficção etc. – Um truque para entender melhor as ideias de um autor: ler resenhas sobre os seus livros e entrevistas que ele tenha dado em revistas acadêmicas. É impressionante como esses tipos de textos ajudam a encaixar um autor com suas reflexões e conceitos. Autores que escrevem difícil, às vezes têm um jeito de falar bem claro! Da mesma forma, uma boa resenha sobre um livro, pode nos trazer informações fundamentais sobre o contexto da obra, sua inserção numa área de pesquisa e suas principais contribuições teóricas e empíricas. Ler entrevistas e resenhas de forma aleatória é também um jeito divertido de buscar novos temas e abordagens para nossa pesquisa quando estamos enjoados ou empacados.

A leitura de textos de ficção que se aproximem (ou não) do nosso tema (por área geográfica, temática, histórica etc.) pode ser outra forma de sacudir nossas ideias. No caminho acadêmico, cabe ampliar o leque de autores, saindo da lista tradicional da sua disciplina. Tenho feito isso nos últimos anos e as descobertas são muitas. No sentido inverso também: reler clássicos que você leu quando ainda estava imatura traz supresas. Volta e meia me supreendo com releituras de textos que achava datados ou de pequena relevância. Isso ocorre tanto porque não estávamos preparados para entendê-los quanto porque, com o tempo, nossas perguntas e referências mudam.

12) Registre uma lista das suas leituras – Essa é uma dica bem simples: anote tudo que você lê! Não precisa baixar aplicativos sofisticados. Atualmente, utilizo uma planilha simples do Google, com número, ano, mês, autor, título, editora, origem, estrelinhas e um espaço para observações. É uma boa forma de lembrar do que li e do que gostei nos últimos meses e anos. Também é um jeito de registrar os PDFs que acabam perdidos em vários dispositivos diferentes.

Divido a lista por ano e a linha superior é a mais recente. Às vezes deixo em vermelho o que estou lendo (se estou com mais de uma leitura simultânea). Aproveito também para anotar os empréstimos com fundo em amarelo para não deixar de cobrar.

Nas primeiras linhas da minha tabela, deixo em cor cinza os autores e livros que tenho vontade de ler mas ainda não comecei ou não tenho. Alguns ficam morando ali durante anos e acabo apagando. Mas tem horas que essa listinha é um lembrete fundamental do que já tenho ou do que quero comprar.

Nessa planilha, ficam registradas todas as leituras (ficção, não-ficção; acadêmicas etc.). Só não anoto releituras para dar aula, pois são muitas e tornariam a lista super confusa.

13) Leitura dinâmica para situações de emergência – Aprendi essa dica com um professor que admiro muito. Mesmo sendo um gênio, ele teve a generosidade de me dizer que também não dava conta de ler tudo.

A sugestão era mais ou menos assim: “Karina, quando você não tiver mais tempo, pelo menos ‘sinta o cheiro’ do texto.” Fiquei olhando com cara de pastel: “Cheiro? Como assim?” Ele explicou: “Você vai folheando o livro, página por página, lendo os títulos dos capítulos e das seções. Se possível, leia a primeira linha de cada parágrafo. Isso já vai te dar uma ideia do que o autor quis dizer.”

Lógico que não é o ideal e que esse método pode gerar percepções erradas, mas eu estaria mentindo se dissesse que nunca fiz isso. Claro que sim. E também já apelei para aquele velho truque de ler só a introdução e a conclusão. Recomendo? Não. Mas às vezes a vida é assim, e a gente faz o que dá. 😉

14) Crie um grupo de estudos ou tutoria entre colegas – Essa foi sugestão de um amigo-professor que vem se deparando com os “alunos da pandemia”. A vida dos estudantes já era difícil antes da Covid-19, agora então… Muitos chegam na universidade depois desses dois anos de ensino online (seja no Ensino Médio, seja nos primeiros períodos da faculdade) se sentindo sem base para compreender as leituras e as aulas presenciais, mais densas. Uma forma de compensar isso pode ser criar grupos de leitura entre os colegas da própria turma ou com alunos mais experientes que possam atuar como tutores. Embora o exemplo seja entre alunos, eu mesma tive um grupo de leitura com colegas durante a pandemia. Recomendo.

15) Tenha um gato ou um cachorro pra ler contigo – Sei que esse conselho não deveria estar nessa lista, mas eu precisava de quinze itens, né? Cá entre nós, para quem já curte gatinho ou cachorro em casa: tem coisa melhor do que ler com um bichinho no colo? Eles são a melhor companhia do mundo.

E chegamos ao fim dessa listinha! Lembraram de algo que esqueci? Escrevam nos comentários por favor. Sou apaixonada por livros e pelo prazer de ler, a tal ponto que, durante uma boa parte da minha prática artística, eu só desenhava pessoas lendo!

Obrigada pelo mar de mensagens de carinho e apoio que vocês têm me mandado por aqui e pelas redes sociais. Tem dias que sou só lágrimas, melancolia e saudades, mas há outros em que sinto que vou sobreviver. Consegui ler, escrever e desenhar um pouquinho. Já significa muito.

Boas leituras para todos. Que vocês tenham amor, saúde e paciência. Até o próximo post! ♥

Sobre a citação: A epígrafe do post é do livro “Ex-Libris: confissões de uma leitora comum”, da Anne Fadiman. (Tradução de Ricardo Quintana, editora Zahar, 2002). Adoro esse livro. O meu original, todo anotado, se perdeu em algum empréstimo. Há uns anos atrás, acabei comprando outro mas ainda preciso reler para resublinhar tudo de novo. Apesar disso, nunca esqueci a parte em que ela conta sobre a mania do filho de comer os livros! Comia mesmo, principalmente se tivesse desenho de comidas. 😀

Sobre os desenhos: O desenho que abre o post foi feito no meu caderno-diário em tempos bem mais felizes (26/01/2022). Os demais desenhos foram feitos hoje (23/6) para o post, inspirados numa coleção de imagens sobre livros que junto há muitos anos. Alguns fazem referência aos Simpsons, como vocês podem reconhecer; a menina com a pilha de livros é inspirada num desenho do Quentin Blake, que amo. A menina estudando com um gatinho no colo fiz em homenagem a uma conta do Instagram que adoro seguir: @cats.friedaandhenry.

O caderno que utilizo como diário é um A5 espiral da Papel Craft, capa dura com elástico. (O link que coloquei é só um exemplo; a estampa do meu não tem mais.) É meio caro para um caderno, mas ganhei de presente e dura bastante. Tem um bom acabamento, 90 folhas e bom espaçamento entre as linhas. Apesar do papel ser 75g, consigo desenhar com canetinha e a cor não vaza para o outro lado. No dia-a-dia, para listas e organizações, uso um caderninho A5 da Tilibra de 80 folhas que custou R$12,50! Quando quero colocar algum desenho nele, faço num papel à parte e colo na página. Atualmente, o meu tem sido esse aqui:

Para esses desenhos, utilizei canetinha Pigma Micron azul 0.1 nas linhas, e marcador Tombow n. 451 azul claro. O primeiro desenho era só um registro pessoal, sem rascunho, sobre o “melhor do meu dia”. Segui o estilo nos desenhos de hoje, desenhando de forma rápida, sem usar lápis antes. Escaneei tudo e separei as imagens no Photoshop.

Você acabou de ler “Quinze dicas para ajudar a ler textos acadêmicos (ou não)“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! 

Como citar: Kuschnir, Karina. 2022. “Quinze dicas para ajudar a ler textos acadêmicos (ou não)“, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3WN  Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Calendários 2021 de Janeiro a Dezembro

Pessoas queridas, que bom estar de volta! Espero que gostem desses calendários de 2021 um pouquinho diferentes. Pintar aquarelas abstratas foi uma das minhas terapias na quarentena. Fiz pinturas grandes pela primeira vez (como contei aqui) e aproveitei alguns dos originais para criar a decoração dos meses.

Para imprimir os calendários em alta resolução, seguem abaixo duas opções de download:

• Arquivo .zip com todos os meses de 2021 em PDF.

• Arquivos em PDF por mês de 2021: Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto, Setembro, Outubro, Novembro, Dezembro.

Aproveitei para melhorar a qualidade gráfica da grade, das letras e dos números, redesenhando tudo à mão, no app Procreate do Ipad. Também mudei as semanas para começarem na segunda-feira. Achei melhor para visualizar sábado e domingo juntos. Vocês concordam? Outro detalhe: adicionei os dias do mês anterior e seguinte em cinza claro. Depois me contem o que acharam e se as impressões deram certo!

Tenho pensado muito no blog e em como me faz falta desenhar e escrever aqui, mas não quero fazer promessas nem planos.

Meu maior desejo para mim e para todos vocês é que a gente sobreviva até a segunda dose da vacina. Que possamos seguir, um dia de cada vez, com paciência, compaixão e delicadeza. E que cada família em luto ou em recuperação possa ser acolhida e apoiada nesse momento tão difícil. ♥

Seguem as imagens dos calendários em .jpg para vocês verem com mais detalhes antes de baixar:

Sobre os desenhos: Todas as pinturas foram feitas em papel Hahnemühle Harmony (300gr, sem algodão, comprado em folhas grandes que fui cortando). Pintei no verso pois é um pouco mais liso. No início, fiz três trabalhos com fundo branco, desenhando as esferas primeiro a lápis, depois pintando com aquarela bem aquada. Depois resolvi me aventurar pintando fundos coloridos antes de desenhar. Todos tiveram um pouquinho de tinta Lunar Black (Daniel Smith), assim como de outras que dão efeito granulado (azul ultramar, sienna queimada e tintas que descrevo aqui). Todos foram feitos a partir de pinturas de verdade. O único mais editado em Photoshop foi o de outubro, para ficar com o fundo mais escuro. Uma curiosidade: a aquarela original que menos gostei gerou o mês que achei mais bonito: dezembro, aniversário da Alice.

Sobre a impressão: Fiz testes em casa e os primeiros 11 meses ficaram bem certinhos, até que a impressora falhou em “outubro” (último mês que finalizei). Tenho uma Epson L396 que comprei em 2018 devido à qualidade do scanner (é ótimo mesmo) e por ter tanque de tinta líquida com refil. Mas ela deu problema de manchar e agarrar (ou não) o papel desde o início. Já utilizei a garantia duas vezes e agora o amarelo parou de imprimir (apesar do tanque cheio). Suspiros… Depois me contem se deu tudo certo para imprimir. Fiquei um pouco preocupada com essa diferença (de requerer mais tinta) em relação aos calendários anteriores.

Você acabou de ler Calendários 2021 de Janeiro a Dezembro, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! ☺ Como citar: Kuschnir, Karina. 2020. “Calendários 2021 de Janeiro a Dezembro”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3RE. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Outubro/2019 reciclado

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Pessoal, aí vai o calendário de outubro/2019 em .PDF para imprimir.

Está super atrasado e é a primeira vez que aproveito imagens anteriores. Foi o possível, num mês cheio de compromissos e imprevistos… Fico um pouco envergonhada de trazer um tema de tanta opulência em plena crise de 2019. Mas escolhi esse porque as semanas coincidiam e gosto dos desenhos repletos de detalhes.

Espero que ainda seja útil para algumas pessoas.

Obrigada a todos que me escreveram perguntando se haveria calendário em outubro. Eu tinha até um tema planejado, mas não consegui fazer a tempo, desculpem! Foi um mês de muito trabalho extra e estresses desnecessários. Tenho precisado descansar. Abraço apertado em todos.  ♥

Você acabou de ler “Outubro/2019 reciclado“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! ☺

Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Outubro/2019 reciclado”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Ne. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Setembro/2019 com luz

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Calendário de Setembro de 2019 e .PDF para imprimir prontos!

Esse mês, o tema surgiu da minha dificuldade de encontrar uma luz boa para ler em casa à noite. Ainda não tenho uma maravilhosa, mas tá na lista de “um dia, talvez”.

Quem ama ler, adora uma boa iluminação. O melhor dos mundos é ter luz natural, mas meu quarto não é muito privilegiado nesse ponto. Na cabeceira, tenho uma lâmpada de pé (igual àquela grande e vermelha, no lado esquerdo do calendário, só que é preta, herdada de uma amiga). Na sala, minha fonte é um abajur dourado-descascado (no canto superior direito da imagem). Herdei essa peça da minha mãe e, apesar dos defeitos, é minha queridinha.

No mais, temos a lampada de cúpula vermelha simples (à esquerda do cacto) e a luminária preta (à direita do cacto, que fica na minha mesa de desenho, herdada da minha prima). As demais imagens foram inspiradas em achados na internet.

E o que estou lendo com essa luz toda? Essa semana li uma dissertação de mestrado (ótima, do querido Vinícius Moraes de Azevedo) e continuei a ler quatro livros ao mesmo tempo: “Beatrix Potter: a life in nature”, “Reportagem ilustrada”, “Find your artistic voice” e “A interpretação dos sonhos”. Sigo relendo devagarinho “O caminho do artista”. (Artigos e trabalhos de alunos não contam, né?)

Preciso de luz também porque continuo apaixonada por escrever à mão. Desde julho, voltei a ter um caderno simples onde escrevo pelo menos três páginas por dia. Está sendo um espaço para relaxar, refletir, registrar, planejar, anotar ideias, desabafar e desplugar.

Desejo a todos que Setembro seja um mês de encontros: com pessoas queridas e consigo mesmo. Para mim, o caderno está sendo essa fonte: um refúgio que me alimenta para voltar ao mundo tentando ter lucidez, calma e força, um dia de cada vez.

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Vida acadêmica – Novidade no blog! – Um grande passo que consegui dar essa semana foi criar uma página só para organizar os posts sobre vida acadêmica aqui no blog. Espero que gostem! Ainda estou reunindo os posts por assunto, mas já tem muita coisa lá.

Sobre o desenho: Apesar da ideia antecipada, só estou postando hoje, 1/09, porque levo muito tempo para rascunhar, finalizar, colorir, escanear e editar um desenho desses. Às vezes consigo trabalhar em várias etapas, mas quase sempre dedico um dia inteiro (sábado ou domingo) para isso. Além das quatro luminárias de casa (descritas acima), peguei inspiração em imagens da internet para as demais. Fiz uma versão a lápis primeiro, depois passei canetinhas 0.1 e 0.05 Pigma Micron de nanquim permanente. É importante deixar secar bem antes de apagar o lápis do rascunho ou de colorir com cores claras sobre elas. A qualidade das canetinhas também se mede por esse tempo de secagem. Na minha experiência, a Unipin é a mais rápida (só que a tinta acaba logo) e a Staedtler é a mais demorada, com a Pigma Micron no meio termo. Depois de tudo seco, colori com lápis de cor Polychromos da Faber-Castell. Confesso que fiquei um poquinho em dúvida se gostei das manchas amarelas para indicar luz, mas agora já foi. A minha luminária preferida foi a de madeira com a cúpula vermelha redondinha. E adorei lembrar de fazer a palava “luz”, enfeite típico dos anos 1980, que eu achava lindo. Outro momento nostalgia foram as mini-luminárias de conectar na parede em quartos de bebê. A do ovinho, do cacto e da estrela são desse tipo. E as de vocês, quais são as preferidas?

Você acabou de ler “Setembro/2019 com luz“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! ☺

Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Setembro/2019 com luz”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3MV. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Caderninho de consumo para pensar Cultura e Razão Prática de Sahlins – Ideia para aula lúdica (5)

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“Nenhum objeto, nenhuma coisa é ou tem movimento na sociedade humana, exceto pela signficação que as pessoas lhe atribuem.” (M. Sahlins)

Pessoas queridas, aí vai uma nova ideia para aula lúdica. A base é o texto  “La pensée bourgeoise: a sociedade ocidental como cultura”, de Marshall Sahlins, um dos capítulos do livro Cultura e razão prática (Ed. Zahar). Eu já tinha uma apresentação com imagens e citações para essa aula, mas em 2019-1 inventei um “Caderninho de Consumo”, feito pelos próprios alunos, cujo conteúdo depois é debatido em sala e por escrito. A proposta dessas aulas lúdicas é compreender conceitos antropológicos por meio de atividades divertidas, que valorizem a autonomia de criação e reflexão dos estudantes.

Segue o “plano de aula” que prevê dois encontros e um trabalho escrito. Os arquivos de apoio também estão abaixo. Fiquei feliz de fazer um post útil, pra variar. Dá trabalho, mas é um dos meus objetivos de vida e do blog. 😉

Objetivos da proposta:

. Produzir manualmente um “Caderninho de Consumo” para o registro de todos os itens consumidos pelos estudantes durante uma semana.

. Refletir (através dessa prática) sobre como e quais tipos de coisas ou situações consumimos, prestando atenção em seus significados, classificações e regularidades nos espaços e tempos do cotidiano.

. Perceber que existem diferentes tipos de consumo individual, mas também padrões coletivos. Buscar entender esse ponto através do compartilhamento das experiências da turma primeiro; e depois pelos argumentos do texto.

. Empreender uma experiência de aula que gere conhecimento e transforme, nos fazendo sentir que aprendemos algo, ou seja, realizar uma prática associada à reflexão.

. Lembrar que uma atividade de pesquisa pode ser divertida e interessante; pode ser vivida como um enigma, um quebra-cabeça que desvendamos.

. Fortalecer a autonomia: mostrar que podemos e devemos pensar a partir dos nossos dados, classificá-los e interpretá-los.

Preparação antecipada:

. É bom a professora treinar fazer o caderninho antes, seguindo o tutorial e/o os vídeos indicados abaixo.

. Caso seja possível, treine um estudante para ser monitor nessa aula, pois ajuda ter apoio para orientar os alunos e fazer os cortes.

Material necessário para a Aula 1:

. Papeis A4 brancos (1 folha por estudante, mais algumas extras).

. Algumas tesouras

Material necessário para a Aula 2 (que deve ocorrer 7 dias depois):

. Notebook e Projetor de datashow, além de um pen drive com o PDF indicado abaixo.

Dinâmica da Aula 1 – Como conduzo:

. Entrego uma folha de papel A4 para cada aluno e demonstro cada etapa das dobraduras bem devagar. Espero que todos completem uma etapa antes de ir para a próxima, e auxilio no corte do papel. Segue o tutorial abaixo em imagem e em formato .pdf para imprimir:

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. Sempre lembro que não precisa ficar perfeito, e ofereço uma folha nova se alguém fica se queixando que o seu está “muito ruim”.

. Solicito que deixem a capa em branco e escrevam (com letra pequena) nas 7 páginas seguintes as datas dos próximos 7 dias. (Por exemplo, o caderninho da Laís, que abre o post, foi feito numa aula no dia 26/03/19. Na segunda página, vocês podem ver que ela anotou 27/03, e foi seguindo nas demais: 28/03, 29/03, 30/03/ 31/03, 01/04 e 02/04). É importante preencher as datas ainda na aula para os alunos saberem exatamente os dias em que terão que registrar no caderno. Outro detalhe: colocar o nome na primeira ou na última página.

. Sobre os registros, tento criar um clima de brincadeira, sugerindo que anotem, colem coisas, guardem notas fiscais, usem cores, etiquetas etc. 

. Observo que consumir é diferente de comprar. Podemos consumir algo que nos foi dado de presente, ou feito por alguém da família por exemplo. É um diário sobre isso.

. Trocamos ideias sobre o que eles acham que vão consumir nos próximos dias: surgem comidas, remédios, passagens de transportes, impressão de pdfs ou xerox, e também presentes, roupas, bebidas, ingressos para eventos e até substâncias consideradas ilícitas. Vale também consumo de celular, aplicativos, Uber etc.

. Peço que leiam o capítulo do Sahlins durante a semana em que estiverem fazendo o diário.

Dinâmica da Aula 2 – Como conduzo:

. Mando uma mensagem para a turma lembrando que é imprescindível levar o caderninho e ler o texto do Sahlins para participar dessa segunda aula.

. Abaixo, vejam o exemplo do caderno da Laís Batista Passos, que cedeu suas imagens para esse post (obrigada!). A disciplina era Questões Antropológicas Contemporâneas para o curso de Licenciatura em Ciências Sociais do IFCS/UFRJ, mas a Laís é do curso de Design. Seu caderninho reflete uma familiaridade com a produção visual, a colagem e o desenho que a maioria da turma não tinha, claro. Essas imagens me ajudam a demonstrar a proposta aqui no blog, mas fazer um caderno “bonito” não é o objetivo principal da aula.

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. Para começar, peço que os alunos falem sobre o que chamou sua atenção durante o processo. Solicito que leiam parte de suas anotações para a turma. Tivemos momentos bem divertidos sobre a diferença entre finais de semana e dias úteis, sobre gastar tudo num dia com os amigos e depois não ter dinheiro pro ônibus, sobre rotinas e vícios etc.

. Depois, sugiro que eles troquem caderninhos entre si. Geralmente, entre os amigos mais próximos, se as anotações forem muito pessoais.

. Em seguida, passo à apresentação do Power Point, que traz frases do Sahlins e imagens que busquei para dar visualidade aos argumentos do autor.

. Segue para download a minha sugestão de Apresentação do texto em aula.

. Não vou explicar aqui os principais pontos do texto, pois já estão na apresentação acima.

. Ao longo da aula, continuo conversando com os estudantes sobre as anotações de consumo deles. (Em semestres anteriores, já fiz nessa etapa uma análise das roupas na turma. É uma atividade bacana, mas exige um grupo menor, com uma certa confiança coletiva que nem sempre temos no ambiente universitário atual.)

Trabalho escrito:

. Para amarrar o debate, peço que eles façam um trabalho escrito em casa (mas poderia ser em uma 3ª aula, com consulta), analisando o próprio “caderninho de consumo” em diálogo com o texto do Sahlins. (Prefiro pedir para casa para poder ler o trabalho digitado e não à mão.)

. Alguns alunos pedem para refazer o caderno, pois não se dão conta da sua importância (muitas vezes porque não leram o texto a tempo). Sempre deixo. Acho um ganho enorme quando um estudante quer reelaborar um exercício. Mesmo que a motivação seja a nota, para mim, significa um investimento afetivo (tanto por ser fruto de uma auto-avaliação, quanto pelo tempo dispendido em pensar e refazer a proposta).

. Na aula seguinte, peço que me entreguem o caderninho e um trabalho escrito digitado de cerca de 2 páginas. (Lembrete: levar clipes extras para a aula de receber caderninhos e trabalhos porque eles esquecem de juntar!)

Avaliação:

. Procuro avaliar se eles conseguiram compreender a teoria relacionando-a com a prática, de preferência, sem ficar apenas no plano individual. Esse é o meu principal critério como docente, principalmente em aulas que envolvem atividades lúdicas.

. Em geral, atribuo uma pontuação pequena para esses exercícios: de 2,5 a 3,0 pontos na primeira nota. Procuro avaliar se o estudante compreendeu o argumento central do texto, e se se empenhou em refletir e realizar a tarefa, incorporando as sugestões de temas e composição da aula 1. Não faço avaliação estética.

Espero que tenham gostado e que seja útil. Experimentem, mandem comentários, sugestões e notícias das aulas de vocês. Bom começo de semestre a todos! ☼

Sobre o texto da aula:  SAHLINS, Marshall. 2003 [1976]. “La pensée bourgeoise: a sociedade ocidental como cultura”, In: Cultura e razão prática. Rio de Janeiro, Zahar, p.166-203.

Material para download feito por mim:
Tutorial sobre como fazer o caderninho: baixar PDF.
. Apresentação sobre o texto de Sahlins: baixar PDF.

Links para tutoriais de caderninhos no YouTube:
• Em português: https://youtu.be/uICW1MXNR1E?t=53
• Em inglês: https://youtu.be/ptT6ixIwJbU

Esse é o quinto post de uma série sobre aulas lúdicas:

E talvez vocês gostem de outros posts com a tag mundo acadêmico.

Sobre o caderno da Laís: O caderninho que abre o post foi feito pela aluna de graduação em Design da UFRJ, Laís Batista Passos. Ela seguiu o tutorial em aula e depois fez desenhos à mão livre e colagens (capa, contracapa, roupa amarela, pedaço de papel). Cliquem nas imagens para ver maior!

Sobre o tutorial de como fazer o caderno: Desenhos feitos por mim, primeiro a lápis, depois passados a limpo com uma caneta de naquim descartável 0.5 da Derwent. Tracejado das dobras feito com canetinha Pigma Micron 0.2, setinhas azuis e corte vermelho com Pigma Micron 0.2, sombras internas e na tesoura com caneta pincel Tombow. Depois escaneei na Epson L396 e ajustei tudo no Photoshop, onde também fiz as legendas e o título. Espero que esteja fácil de seguir. Se não, escrevam as dúvidas nos comentários por favor.

Você acabou de ler “Caderninho de consumo para pensar Cultura e Razão Prática Sahlins – Ideia para aula lúdica (5)“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! ☺

Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Caderninho de consumo para pensar Cultura e Razão Prática Sahlins – Ideia para aula lúdica (5)”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Lj. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Agosto/2019 – Pedacinhos de memória e afeto

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Calendário de Agosto de 2019 e .PDF para imprimir feitos!

Tentei caprichar pra vocês, gostaram? As imagens são todas inspiradas em bolsinhas, sacolas e estojos que tenho de verdade. Esse é mais ou menos o meu acervo inteiro, fora uma bolsa preta que uso todos os dias.

Os tamanhos estão fora de escala porque tive que adaptar aos espaços do desenho. Cada uma tem sua história, bem no espírito de uma aula lúdica que expliquei aqui.

Das 22 peças, só 5 não foram presentes! Minhas preferidas são as herdadas da minha avó: a mini mochilinha Kipling verde e a mini bolsinha amarela eram de uso dela, até os seus 98 anos. A bolsa rosa de alça bem comprida ela me deu há muitos anos. É de feltro, com umas flores bordadas, uma coisa que eu nunca compraria mas que aprendi a adorar.

A bolsinha porta-moedas com um símbolo da Suiça foi presente da minha tia-avó, para quem comecei a escrever cartas desde que me entendi por gente, um amor gigante. A necessaire em formato de xícara de chá veio da amizade mais antiga, desde os 14 anos, uma amiga com quem venho trocando cartas infinitas a vida inteira.

As duas bolsas coloridas de alça curta à direita são do Nepal, presente da minha ex-sogra.  São como colchas quilt, de tecidos emendados, com bordados por cima. Pequenas obras de arte! O lápis-estojo veio de Portugal, esse lugar da saudade do Ju e que sintetiza tanto nosso amor mútuo e pela escrita. Os panos enroladinhos são guarda-pincéis, ambos presentes de amigas queridas. Como a bolsinha transparente (que veio numa compra de materiais da Winsor & Newton), remetem à paz da pintura. 

A antropologia está na sacolinha da Reunião da ABA de 2006, em Goiânia. Veio com um tecido de grafismo indígena e é o meu brinde de congresso favorito até hoje. Por estranho que pareça, tem vida acadêmica também na bolsa roxa, presente de uma amiga guru que ficava hospedada na nossa casa quando vinha ao Rio se enfurnar nas bibliotecas e no mundo do século XIX. 

E por aí vai… São pedacinhos de memória e afeto.

A maioria está bem usada e gasta, mas minha vontade de comprar coisas novas é zero. Podem me bombardear de anúncios. Estou vacinada. Já tenho mais do que o suficiente para viver (embora as camisetas estejam furando cada vez mais rápido, como já conversamos, socorro!).

Nossos vazios interiores não vão ser preenchidos por coisas, nunca. Cantar com a Alice, desenhar com o Antônio, trocar com os amores e amigos, viver com os livros, as tintas e os alunos por inteiro. Reconhecer a beleza das nossas memórias, mesmo as rasgadinhas e doídas, cuidar das plantas, dos bichos e das pessoas. É nisso que tenho me apegado.

Li essa semana que, na véspera da Segunda Guerra Mundial, Virginia Woolf se desesperava ao ouvir os discursos racistas e fascistas de Hitler no rádio. Seu marido a acompanhava, horrizado. Até que um dia, Leonard Woolf se recusou a escutar. Preferiu ficar no jardim, plantando suas flores, com esperança de que iriam florescer por muitos anos e, até lá, Hitler já estaria morto.

Plantemos flores, conhecimentos, redes solidárias feitas de gentes. Sobreviveremos aos facínoras do nosso tempo.

Fonte: A historinha do casal Woolf está na página 197 do livrinho “Keep Going”, de Austin Kleon, e foram originalmente contadas nas memórias de Leonard Woof, “Downhill All the Way”. Acabei não resistindo comprar esse livro porque tenho ouvido entrevistas com o autor que é um produtor incansável de diários, prática que retomei nas últimas semanas. Recomendo esperar a tradução, que com certeza virá pois é um desses best-sellers de auto-ajuda para artistas. O primeiro dele, “Roube como um artista”, foi publicado no Brasil pela Rocco. Gostei mais desse último, mas por favor, gente, não saiam esperando grandes profundidades: é uma obra bem modesta, que se lê em poucas horas.

Sobre o desenho: Desenhei observando com canetinha de nanquim permanente Unipin 0,2. Depois colori com vários lápis de cor e fiz alguns detalhes com canetinhas Pigma Micron coloridas. Acho que a base do calendário ficou mais nítida porque venho utilizando um scanner-impressora novo! Tinha comprado em fevereiro (!) mas só em junho tive fôlego para instalar, acreditam? É uma multifuncional Epson L396, sugestão da minha professora de Photoshop. O scanner é mil vezes melhor do que o da minha antiga e basiquinha HP. A impressão ainda não testei muito. É com EcoTank, ou seja, com quatro cores separadas, o que supostamente será uma economia a longo prazo. Mas achei a impressão rápida em preto bem fraquinha e um tanto lenta. Só fica boa se colocar o setup na qualidade normal ou ótima. Enfim, só testando mais. Depois conto aqui.

Boa semana! ♥

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Agosto/2019 – Pedacinhos de memória e afeto”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Lb. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Fevereiro/2019 – Enfrentando medos

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Pessoas queridas, aí vai o calendário de fevereiro, com o PDF para imprimir (em maior resolução).

Sei que estou publicando pouco aqui no blog, mas não foi dificuldade de escrever, desenhar ou de ter assunto… Foi medo.

Para muitas pessoas, sentir medo se traduz em raiva e autoritarismo — aposto que vocês conhecem gente assim… Pra mim não. Tenho pesadelos e vontade de ficar quietinha, remoendo as maldades do mundo. E são tantas!

Quero superar essa fase. Foi pra isso que criei esse blog. Foi pra criar coragem! É pra seguir em frente que venho desenhando e escrevendo há quatro anos, um clique de cada vez. Vambora?

Não se preocupem.

Quando escrevo sobre um sentimento, ele mais ou menos já está passando. A verdade é que, em janeiro, superei muitos medos! Vendi meu carrinho antigo sozinha, encarei uma descupinização dos armários da casa, fiquei firme numa fotocoagulação a laser na retina, fiz todos os exames anuais meus e das crianças, acompanhei as primeiras aulas de surf da Alice, aprendi a comprar ingresso pra São Januário, enfrentamos juntos os 50 graus na renovação (e no resgate) das novas carteiras de identidade, fiz minhas primeiras aulas de Photoshop profissional, terminei a revisão técnica da tradução de um livro, marquei uma biópsia, aprendi umas 269 siglas do sistema administrativo da UFRJ,  apertei forte a mão do meu filho no dia do resultado do Sisu e consegui deixar minha filha andar pela primeira vez de ônibus e metrô sozinha nessa cidade que mata Marielles, Douglas e Maria Eduardas…

Alguns foram medos grandes, outros bem pequenos, mas fomos nos encarando. De vez em quando, me pego pensando que são aflições tão idiotas perto das que passam as pessoas. Mas hoje não vou reforçar essa ladainha.

Queria dizer pra vocês (e pra mim): nossos medos são legítimos. Podem parecer bobos, porém não surgiram do nada. Tem uma parte imensa da sociedade que nos quer com medo, para que a gente tenha vontade de ficar em silêncio, num canto.

Tem dias de se esconder, sim, e tem dias de encarar. Que a gente possa se apoiar para que, cada um, na sua medida, no seu tamanho, no seu tempo, enfrente seus medos e tome as decisões que achar melhor. Que o respeito e a humildade prevaleçam.

Muita força para todos que estão nesse momento dando seus passinhos de formiga ou grandes pulos de canguru para enfrentar o que temem.

E meu abraço muito muito apertado para dois amigos queridos nesse mês que começa. Um deles acaba de perder a mãe para um câncer, e ainda lembra de ser doce e cuidadoso com todos; o outro acabou de contar aos pais (religiosos) que é gay — um imenso passo de aprender a se amar, amar e ser amado.

Obrigada a vocês dois por, mesmo sem saber, me ajudar tanto a lidar com os meus próprios medos.

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Sobre o desenho: O calendário de fevereiro/2019 foi feito a partir de algumas aquarelas que, depois de escaneadas, viraram um “padrão” (pattern, no Photoshop). Os desenhos e o rapport (nome do conjunto básico de uma estampa) foram produzidos num Workshop que fiz em janeiro no Atelier Chiaroscuro (Chiara Bozzetti), em parceria com a Estampaholic (Patrícia Capella). Seriam páginas e páginas para explicar como faz — fica para um outro post. Estou aprendendo bastante (com aulas extras da Patrícia) e espero ir compartilhando com vocês em breve! Minha pintura preferida foi essa do galhinho de eucalipto, feita a partir da observação, no verso de um papel Canson Aquarelle, com rascunho a lápis, depois colorido com as tintas da minha paleta.

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Como citar: Kuschnir, Karina. 2019. “Fevereiro/2019 – Enfrentando medos”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3Jv. Acesso em [dd/mm/aaaa].


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Novembro/2018 – Girassóis

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Os girassóis são flores incríveis, conhecidas por se movimentar como se estivessem olhando para o sol. Em dias nublados, se viram uns para os outros, buscando energia. Mesmo quando não há luz, se fortalecem por estarem juntos.

Retomo o blog com essa metáfora, agradecendo a força que emana de vocês. Cada clique, visualização, download, mensagem e, sobretudo, cada sorriso e abraço recebidos na vida real ou virtual é uma fonte de energia para seguir em frente.

Sintam-se acolhidos e abraçados de volta! Estamos juntos e somos resistentes!

Nesse mundo da pós-verdade, precisamos reafirmar o básico. Quais valores defendemos, quais princípios consideramos inegociáveis? Como diria uma criança de cinco anos: — Qual é o sentido da vida?

Que os girassóis nos respondam por hoje: — O sentido da vida está na cooperação, no compartilhamento e na luz.

Nesse mês, coloquei uma flor extra no dia 20, feriado que marca a homenagem a Zumbi dos Palmares, transformado recentemente no Dia da Consciência Negra. Os 388 anos de escravidão de negros e indígenas no Brasil não podem ser esquecidos. A liberdade é um dos pilares da Constituição de 1988, um bom livro de cabeceira para ler e reler sempre.

Aqui vai o calendário do mês de novembro para imprimir em .pdf (em alta resolução).

Que tenhamos um mês de foco e concentração. Meus objetivos de novembro: ler, escrever, estudar, ser a melhor funcionária pública que eu puder, contribuir para projetos sociais, fortalecer meus valores, abraçar meus amores e amigos.

E os objetivos de vocês, quais são?

Sobre o desenho: Fiz um girassol com base em fotos do Google. Desenhei um original de cerca de 3 cm numa folha A4 90gr, com contorno de canetinha 0.05 Pigma Micron, colorido com lápis-de-cor Polychromos. Escaneei a folha do mês e o desenho, copiando a flor em vários tamanhos, e depois juntando tudo no Photoshop.

Sobre girassóis: Recomendo muito a leitura de Van Gogh, Digitalis e a verdade sobres os girassóis, capítulo disponível online do livro maravilhoso de Luiz Mors Cabral que já comentei aqui.

O texto do post é inspirado na mensagem (abaixo) que recebi e também na imagem que minha querida professora de aquarela Chiara Bozzetti me enviou:

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Você acabou de ler “Novembro/2018 – Girassóis“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! ☺

Como citar: Kuschnir, Karina. 2018. “Novembro/2018 – Girassóis”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3IH. Acesso em [dd/mm/aaaa].