Karina Kuschnir

desenhos, textos, coisas


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Calendário 2024 para imprimir

“Para ter esperança, é preciso reconhecer que não sabemos tudo e não sabemos o que acontecerá. Se abrir às possibilidades e se permitir se transformar é a única forma de seguir em frente e continuar a fazer arte.” (Austin Kleon, Keep Going, p. 132)

A todos que estão diante da página em branco: criar é desafiador mesmo. O desconhecido nos amedronta e desestabiliza. E a gente se pergunta: por que nos colocamos nessa situação? É que a criação tem um poder mágico — nos energiza e nos fascina! Como escreveu Austin Kleon, criar é assumir nossa esperança no mundo e “seguir em frente” mesmo com todas as dúvidas e incertezas. Continuemos!

E assim surgiu mais um presentinho para vocês (e para mim mesma)! Fiz um calendário mensal tipo planner. A mesma folha pode ser reimpressa ao longo do ano. Basta escrever o nome do mês no topo e preencher os números dos dias nos quadradinhos. Ao lado do mês, fiz um espaço para listas de objetivos, tarefas, compras e o que mais vocês quiserem registrar.

Aqui vai o PDF em alta resolução para baixar e imprimir.

Um ano de muitas criações e esperanças para nós! ♥

Sobre a imagem: A inspiração para esse formato de calendário-planner veio da ilustradora Fran Meneses (@frannerd), que costuma fazer um desses anualmente para quem participa da plataforma Patreon dela. Eu já tinha a estampa pronta de uma época em que fiquei viciada em fazer essas folhinhas com aquarela e depois desenhar padrões por cima. Não anotei data nem detalhes, mas foi feita no verso de uma pintura que não gostei, em papel Arches (não consigo desenhar nem pintar em materiais caros! rs). Folhinhas em aquarela de cores variadas. Padrões em linha preta com canetinhas Pigma Micron 0,1. Outros materiais de pintura e desenho que utilizo com frequência vocês encontram aqui.

A folha era maior do que A4, por isso o scanner não deu conta direito. Juntei quatro dessas imagens no aplicativo Procreate no Ipad e fiz os ajustes para preencher os vazios e manter o fundo branco. Depois desenhei as linhas em tom de verde com o pincel Narinder pencil (meu favorito do Procreate). Consultando Antônio e Alice, resolvi deixar a parte da lista com 15% de transparência para não ficar idêntica ao calendário. Inclusive, vocês podem cortar a imagem e imprimir só essa seção. ♥

versão escaneada sem ajustes

Sobre as citações: tradução livre de trechos do livro Keep Going, de Austin Kleon. A versão em português chama-se Seguir em frente (Rocco, 2019). Recomendo demais esse livrinho sábio e despretensioso.

Você acabou de ler “Calendário 2024 para imprimir“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! 

Como citar: Kuschnir, Karina. 2024. “Calendário 2024 para imprimir“, Publicado em karinakuschnir.com, url: https://wp.me/p42zgF-42V. Acesso em [dd/mm/aaaa].

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O quebra-cabeça do artista

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Resolvi me dedicar ao calendário do mês porque estou numa semana de férias (com tempo!) e meu aniversário tá chegando (não que eu ligue, hehehe). Lembrei que amo quebra-cabeças e que tenho uma caixa de 250 peças de madeira com o tema da chuva na ponte do artista japonês Ando Hiroshige. O recorte das peças é uma lindeza, como vocês podem ver acima (ou na versão inteira, abaixo): todas são diferentes umas das outras e várias homenageiam as artes plásticas, como o potinho de pincéis, a paleta, o pincel e o vidro de nanquim… Adoro desenho e também adoro chuva: é uma combinação irresistível. Espero que vocês também gostem!

(No dia 21, coloquei a pecinha que traz o chapéu do barqueiro na chuva… É uma delicadeza infinita.)

* 7 Coisas impossivelmente-legais-bonitas-interessantes-ou-dignas-de-nota da semana:

* Leitores do post da semana passada me escreveram mensagens super gentis, dando força, elogiando os desenhos e me incentivando. Mil vezes obrigada a tod@s!! Como expliquei no Facebook, não estou desanimada não! Só quis compartilhar a montanha russa negativa-positiva que povooa a nossa (ou a minha? rs) cabeça no processo de aprender uma atividade nova. Devia ter enfatizado que, apesar das dúvidas, é justamente o *desafio* que me motiva, e muito! Meu maior prazer é estar sempre aprendendo, não me acomodar! Obrigada por compartilharem comigo essa jornada.

Algumas frases legais que surgiram sobre o assunto:

* “A vida é um desenho feito de múltiplas camadas. Não importa a ordem!”, escreveu a querida Yoko Nishio.

* “Acho que a gente sempre acha que está aquém do que pensamos que deveríamos ser ou fazer, mas na verdade estamos sempre além quando conseguimos seguir em frente e tentar e fazer, superar as auto sabotagens.”, comentário muito bacana e bem-vindo da Isadora Zuza.

* “One day, in retrospect, the years of struggle will stryke you as the most beautiful.”, por Sigmund Freud — Citação que me chegou pelo blog da ultra-plus-simpática-e-talentosa Lisa Congdon.

* “O artista tem que se autorizar e partir, sem culpa.  Acreditar no caminho.” Assim disse a escultora Denise Milan, num documentário do canal Arte 1.

* Uma amiga me escreveu: “Para certas atividades, só a longo prazo conseguimos ver algum resultado. Mas isso é o máximo. E uma ótima notícia. Pode demorar, mas uma hora ele aparece. E quando ele aparece ele é seu para sempre.

* A mesma amiga contou que o Chico Buarque errou uma letra de música em pleno programa ao vivo na Rede Globo. Depois de um breve silêncio, olhou para a platéia e docemente disse: “Não sei porque eu insisto nessa profissão?”. O público derreteu literalmente e aplaudiu com vontade. Veja aqui(Muito obrigada à Suzana pelo envio do link.)

* Sobre o desenho, abaixo: Minha vida (de desenhadora) mudou depois que tomei coragem e comprei um bloco de papel Arches (300 g., Hot press, que em artês quer dizer um papel bem liso, sem textura). Além de ser uma delícia de pintar, a página “desaparece” no scanner, deixando que as imagens se sobressaiam. Para as pecinhas do quebra-cabeças, usei canetinhas Unipin (0.05, 0.1 e 0.2), tintas aquarela Winsor & Newton e pincéis WN da linha University 000, 0 e 1. Foi um desenho que levou horas para ficar pronto… Cada vez mais percebo a importância de pintar em camadas finas sobrepostas. E isso leva tempo. Cada pecinha foi feita a lápis primeiro, em seguida a nanquim (contorno e imagens internas) e depois ainda pintei de duas a cinco camadas de aquarela em cada uma. É isso que permite chegar nas cores sutis do Hiroshige com alguma segurança. Na hora de fazer a borda de madeira, eu já estava exausta… Então parti para a “ignorância” e fui de marcador Pitt-brush da Faber-Castell, em dois tons de marrom. Nas primeiras tentativas achei que tinha estragado o trabalho, mas até que não! A perspectiva não é meu forte, como vocês podem ver, mas as Pitts não fizeram feio e se misturaram bem. Aprendi mais essa!

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Vivendo sem borracha

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Quando passo horas fazendo um desenho que sai certinho, como no calendário de julho, tenho uma sensação de conquista boa. Só que dura uns cinco minutos. Logo vem a irritação-avaliativa: tá cafona; tá igual ao guardanapo que a titia usa no Natal; tá parecendo uma sacola de supermercado; tá com cara de papelaria da Disney dos anos 1980. Tá certinho demais!

— Mas certinho é tão bonito…

— Né, não. Certinho é chato.

Difícil é ser irreverente como o Millôr, que dizia: “Viver é desenhar sem borracha”. Ou engraçada como a fada-fofa que fica nua e desafia: “se não gostares, a culpa é tua!” (Sylvia Orthof).

Ainda procuro o desenho com a imperfeição-que-saia-perfeita. Algo que não seja nem tão fruta-etiqueta, nem tão folha-de-teste-de-aquarela.

* 7 Coisas impossivelmente-legais-bonitas-interessantes-hilárias-ou-dignas-de-nota da semana:

* No caminho do post da semana passada tinha um apêndice. E dentro do apêndice tinha uma pedra. Como disse o poeta:

“Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”

Carlos Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930)

* Em resumo-resumidíssimo: filhote com dor, filhote operado, filhote sarado!

* Durante o caminho da pedra para fora da barriga, sua única preocupação era: “Meu cabelo tá direito?”

* Já sem pedra, mas antes da alta, ele perguntava: “Quando vou poder comer pipoca? E bolo de chocolate?”

* No meio do caminho, passei uma semana enganando minha mãe no Whatsapp. Ela estava viajando a trabalho, meio doente ainda por cima, e não merecia saber que o neto estava no hospital. E enganada ficou até domingo… O mundo pelo celular é uma ilusão.

* Antes da pedra, a vida parecia tranquila. Na árvore em frente à janela do meu quarto tinha uma família de bem-te-vis, com dois adultos e dois filhotes fofos. O Google me fez achar que eram Cambacicas, mas não eram. Minha carreira de ornitóloga-de-araque foi pro brejo. Depois da pedra, não os vi mais.

* Ainda antes da pedra: acordei às 7:15 da manhã para assistir uma aula-aberta de História da Arte com a professora Lisiane Bacelar como parte de ser a super-mãe de um aluno do 9o. ano do Colégio Andrews. Foi linda: aprendi que a música Starry starry night é uma homenagem a Van Gogh. Valeu o sacrifício de acordar tão cedo.

Sobre o desenho: Tirinha de papel com pinceladas de aquarela para testar as cores dos desenhos de frutas que fiz para o calendário de julho/2015. A intensidade dos desenhos (do calendário) se deve muito ao fato de que pintei em papel próprio para aquarela (meu primeiro Arches, hot press!), e não no papel comum. As tintas foram quase todas Winsor & Newton e os pincéis usados foram entre os tamanhos 00 e 2. As linhas foram feitas sem lápis e borracha. Desenhei com a canetinha Copic 0.05 (que está fina demais, mesmo trocando o refil do cartucho de tinta. Acho que não valeu o custo.) Depois de tudo pronto, escaneei, acertei os tamanhos das frutas e “colei” na folha do calendário com ajuda do Photoshop. Abaixo vai a imagem (reduzida) da página inicial, do jeito que estava antes da edição!

frutas pequeno