Karina Kuschnir

desenhos, textos, coisas


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Junho/2018 e Bastidores do blog (2)

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Bem-vindos ao mês de junho/2018! Aqui vai o calendário em .pdf para imprimir.

Há alguns dias, o blog ultrapassou a marca das 500 mil visualizações e 300 mil visitantes. São números pequenos para o tamanho da internet, mas gigantes para mim! 😀 Para comemorar esse meio milhão de cliques, resolvi retomar alguns temas do post Bastidores do blog escrito em maio/2017, e acrescentar outros, que chegaram em comentários, em perguntas de amigos queridos ou na minha cabeça mesmo:

Quanto custa manter o blog? Tenho duas despesas anuais fixas com o blog. Desde a sua criação, pago o tema/template Yoko do WordPress (30 dólares por ano), que permite escolher fontes e cores, widgets (códigos html pré-formatados para serem utilizados na lateral) e faz ajustes automáticos para diferentes telas (celular, tablet e computador). Em janeiro/2018, passei a pagar um plano Pessoal do WordPress (48 dólares por ano) para que parassem de aparecer anúncios no rodapé dos posts.

Por que você não utiliza o endereço karinakuschnir.com? O plano Pessoal do WordPress dá direito a um domínio .com mas, por enquanto, não me sinto bem associando meu nome a um domínio comercial.

O blog está hospedado em algum servidor? Não. Utilizo a hospedagem virtual do WordPress. No ano passado, me dei conta que não tinha backup! Com ajuda da minha sobrinha, passamos todos os posts para arquivos de Word, um conjunto para cada ano. Um dia ainda pretendo imprimir tudo… mas esse dia nunca chega.

Esse é o seu primeiro blog? Sim e não… Uso a internet desde 1991. Em 1994, criei uma disciplina eletiva na PUC-Rio chamada “Comunicação e novas tecnologias”. Adorava dar esse curso que teve o apoio do RDC (prédio da informática da PUC, onde trabalhei de 1992 a 2006) para termos acesso aos laboratórios conectados à internet. Criei blogs para dar suporte a vários cursos, mas foi nos anos 2000 que ajudei a montar um blog mais complexo para a Ong Amigas do Peito. O trabalho estrutural foi feito pelo webdesigner Marcelo Torrico com quem aprendi muito. Depois disso, fiz um blog institucional e vários de apoio a projetos. Este karinakuschnir.wordpress.com foi criado em 6/11/2013 e é meu primeiro blog pessoal de verdade.

Você ganha algo com o blog? Nada, em termos financeiros. Mas posso dizer que ganho muito em termos pessoais, afetivos e profissionais. Explico. Criei o blog inspirada numa página que fiz para o caderno Prosa do jornal O Globo, a convite da editora Mànya Millen, conforme já expliquei aqui. O objetivo era simples: me obrigar a publicar um desenho e um texto uma vez por semana, com o desafio de ser algo lúdico, útil e positivo. Essa regularidade me permitiu estreitar laços com pessoas conhecidas e desconhecidas, além de trazer leitores para os meus trabalhos acadêmicos, alimentando uma rede afetiva e intelectual. Como não sou muito enturmada na vida (sou aquela que ama estar nos bastidores), o blog vem me trazendo uma sensação boa, de pertencimento. O único momento embaraçoso é quando percebo (na vida real) que as pessoas sabem detalhes da minha vida e eu não estou sabendo nada da delas!

Quanto tempo você leva para escrever e desenhar um post? Atualmente, levo cerca de 6 horas para escrever e revisar o texto de um post normal. Se for um post sobre livros ou mundo acadêmico, preciso de o dobro de tempo. Para os desenhos, depende muito. Posso levar 4 horas ou mais. Venho melhorando um pouco nessa área: já consigo começar um desenho num dia e continuar em dias diferentes. Fico feliz quando isso acontece, já que nunca tenho tantas horas livres em sequência. No mais, o que escrevi no primeiro bastidores do blog continua valendo: não tenho pauta, nem consigo produzir com antecedência, mas adoro a sensação de ter feito!

Qual é a parte mais difícil de fazer o blog? Em termos práticos, o mais difícil (e frustrante) para mim é a preparação das imagens: escanear e editar os desenhos e aquarelas. Sou autodidata. Já melhorei depois de alguns cursinhos online, mas ainda sofro. Outros desafios constantes são: inventar ilustrações para os calendários e para posts acadêmicos, encontrar assuntos novos, ter tempo para escrever e desenhar com calma, ser engraçada e manter o tom positivo diante de tanta tragédia que acontece no Brasil (nem sempre consigo). Em termos pessoais, porém, o mais difícil é encontrar um equilíbrio entre dizer a verdade e me proteger da exposição excessiva. Acho super importante falar de vulnerabilidades, mas não consigo imaginar a vida sem um pouco de privacidade.

Como você escolhe os temas dos posts? O que vem primeiro: o desenho ou o texto? A graça de fazer o blog é alternar entre esses dois pontos de partida. Às vezes, o post surge de um desenho, às vezes de uma ideia. O que mais gosto de fazer são posts sobre livros que adorei ter lido ou de aulas lúdicas que deram certo (embora ambos sejam trabalhosos). Na última semana do mês, sinto um alívio por saber que não preciso pensar num tema, já que é a época de postar o calendário. Passo 30 dias buscando ideias para ilustrar o calendário do mês seguinte. Quando leio um livro, fico na espreita, avaliando se daria um post.

Quais posts você acaba não escrevendo? Às vezes tenho ideias mirabolantes para futuros posts que, pouco depois, murcham e perdem o sentido. Tem posts que desejo muito escrever, mas não posso, seja porque ferem o objetivo do blog — falar mal da vida e de certas pessoas, por exemplo! 😉 –, seja porque são sobre assuntos que preciso guardar para publicar em forma de artigos de pesquisa. Por mais que eu já tenha me libertado, ainda preciso produzir coisas que possam ser incluídas no Lattes.

Que novidades você gostaria de trazer para o blog? Uma das coisas que está nos meus planos a curto prazo é fazer um sumário que abranja todos os posts do blog (este é o 197º). A longo prazo, adoraria publicar os posts em português e inglês, para poder ser lida pelos amigos da área do desenho de outros lugares do mundo. Isso ainda não dá, pois teria que investir um tempo enorme para melhorar meu inglês escrito e para as traduções em si.

Qual é o balanço desse último ano do blog? Minha maior conquista nesse período foi ser mais assídua nas respostas aos comentários e ter publicado quase todas as postagens semanais. Adorei ter feito dois posts pela primeira vez com a ajuda dos amigos acadêmicos de carne e osso (e não apenas de bibliografia) que foram o Doze lições para ajudar a terminar TCC, dissertação e tese… Parte 1 e Parte 2.  Além desses, meus preferidos foram o Memória visual, espaços e cotidiano – Ideia para aula lúdica (4), o Sete coisas invisíveis na vida de uma professora, o Lições de escrita com Agatha Christie – Parte 1 e Parte 2, Você vai deixar de me amar se eu não acabar a tese? – Parte 1 e Parte 2.

Os posts mais pessoais  foram o Não Passei (2) – Janeiro foi fork! e Querido Diário. O post que mais me emocionou foi Desistindo de (quase) tudo, em função da repercussão afetiva que gerou nas pessoas e em mim (ainda não consegui responder os comentários desse, desculpem). Um dos posts mais leves e úteis, que me surpreendeu pela reação positiva, foi o Caderninho bom, bonito e barato. Além de todos os já citados, dois dos meus desenhos preferidos dos últimos meses são os dos posts Escrita Diária e Materiais – Canetinhas coloridas.

Qual o conselho você daria para quem pensa em começar um blog? Comecem! Estabeleçam alguns princípios e tentem seguir em frente. Acho que a ideia de postar semanalmente é perfeita, pois não é frequente nem espaçado demais. Se você não desenha ou produz as próprias imagens: invista nisso, tire fotos, se associe a um banco de imagens de qualidade ou utilize imagens de bases públicas, sempre dando os créditos. Por mais conteúdo que exista na internet, tem espaço para todo mundo. Vivo à procura de blogs legais para ler — mandem seus links! ♥

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Sobre o desenho: Para o calendário de junho, quis começar de um jeito que não precisasse me esforçar muito, já que semana passada fiz um desenho trabalhoso. Fiz as bolinhas com a ajuda de duas réguas de desenho geométrico, como essa que desenhei (imagem acima). Desde pequena, adoro essas réguas! Depois de fazer os círculos em tamanhos variados, com canetinha de nanquim permanente 0.2, fiz os traços internos com a mesma caneta, só que 0.05. A seguir, colori com as mesmas cores que utilizei na semana passada, com os lápis-de-cor Polychromos da Faber-Castell. O mais legal foi que a Alice me ajudou! Quando ficou pronto, vimos esse monte de “rodas” e pensamos que nosso subconsciente captou o tema do momento: caminhões, carros, gasolinas, estradas e bicicletas… ♥

ps: As rodas invadiram o dia 30 porque inicialmente eu tinha desenhado no calendário de Julho! Por sorte uma leitora querida do blog me avisou do erro. Troquei a parte interna do mês no Photoshop.

Você acabou de ler “Junho/2018 e Bastidores do blog (2)“, escrito e ilustrado por Karina Kuschnir e publicado em karinakuschnir.wordpress.com. Se quiser receber automaticamente novos posts, vá para a página inicial do blog e insira seu e-mail na caixa lateral à direita. Se estiver no celular, a caixa de inscrição está no rodapé. Obrigada! 🙂

Como citar: Kuschnir, Karina. 2018. “Junho/2018 e Bastidores do blog (2)”, Publicado em karinakuschnir.wordpress.com, url: https://wp.me/p42zgF-3F1. Acesso em [dd/mm/aaaa].

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Zero problema

UskBcn
Alice adora quando encontra mulher dirigindo táxi. Ontem avistou uma no trânsito e me perguntou:

— Mãe, você gostaria de ser taxista?

Eu — Não, filha, detesto trânsito! E ainda o dia inteiro…

Alice — Ah, mas imagina só: cada passageiro tem uma história para contar! Quando você se dá conta, já acabou o caminho!

Eu — E você, filha, o que gostaria de fazer quando for adulta?

Alice — Hum, será que pode ser “treinadora de futebol da seleção brasileira”? Será que pode ser mulher? Eu acho que pode!

Eu — Deveria poder sim.

Alice — … Ou então: professora de educação física, artista, desenhista, jogadora de futebol e… diretora da Globo!

Eu — Legal, filha.

[e mais tarde…]

Alice — Mãe, estou tão feliz! Atualmente eu tenho “zero problema”.

Eu — Como assim?

Alice — Eu resolvi o problema do cabelo na escola, o da falta da minha bola e o da falta da minha bicicleta, que você buscou hoje.

Eu — Que bom, filha! E como é que a gente faz para ter “zero problema”?

Alice — Ué? É só resolver todos. Resolve um, depois outro, depois outro e assim vai.

Eu — Mas os meus problemas nunca acabam…

Alice — É que nem jogo de futebol, mãe. Não pode sair todo mundo da defesa de uma vez; nem atacar com todos os jogadores de uma vez. Tem que defender quando precisar defender, e atacar quando precisar atacar. E não pode perder a bola.

Eu — Eu sempre perco a bola…

Alice — Não deixe nada te causar problema, mãe.

Eu — É, filha, você tem razão. Quer dizer que você não tem problema…?

Alice — Pensando bem, eu tenho um problema sim: não tenho com quem brigar!

Eu — Como é que é?

Alice — É que o Antônio está viajando! Ah, e tenho outro problema também: a Alemanha vai ganhar a Copa de 2018…

Sobre o blog: Vamos combinar que a semana passada não existiu? Eu finjo que não deixei de escrever o post-de-quarta e de brinde a gente ainda anula os jogos infames da seleção brasileira! Como os jogadores, não sei explicar o que aconteceu: apagão, excesso de Copa, volta às aulas das crianças, mudança número três, obras, gatos, dor nas costas, tudo-isso-junto. Só que não; não adianta dar desculpa. Desde que o blog existe, tive motivos bem piores do que esses para não escrever ou não desenhar ou os dois. Então, bora pra frente. Faz de conta que a semana passada não existiu.

(Mas vamos abrir uma exceção para não apagar a crônica deliciosa do Arthur Dapieve que saiu no Globo na sexta e nenhum dos textos sempre lúcidos do Mário Magalhães no Uol. A Copa ficou melhor com eles.)

Sobre o desenho: Feito no último dia do Simpósio Urban Sketchers em Barcelona, em julho de 2013. Que saudades dessa semana incrível! Queria voltar a desenhar assim… A mistura de cores e materiais foi influência dos workshops que fiz com duas artistas maravilhosas: Inma Serrano e Marina Grechanik. Usei de tudo um pouco: lápis de cor, caneta de pena e nanquim, aquarela, caneta Pentel com ecoline dentro, canetinha Unipin 0.1 e até lápis de cera (acho). Por falar nisso, em agosto acontecerá o 5o. Encontro dos Urban Sketchers no Brasil, em Paraty — ainda dá para participar!

E como alguns têm escrito para saber como se desenvolver no desenho, recomendo a maravilhosa Sketchbook Skool, uma escola online criada pelos ultra-simpáticos e talentosos Danny Gregory e Koosje Koene. Amei o primeiro semestre e estou sonhando com o segundo…