Karina Kuschnir

desenhos, textos, coisas


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Tempo de crescer

brasil pequeno amostra

Essa é de quando a Alice tinha só quatro aninhos:
Alice — Mãe, você tá triste?
Eu — Mais ou menos, filha. Tô preocupada com a vovó.
Alice — Ah, mãe, não fica preocupada não! A vovó é adulta: ela se vira!

Tive que rir da sabedoria da moleca!

Será que a gente se desgasta tanto pensando nos problemas dos outros para não pensarmos nos nossos? Será que é mais fácil ficarmos preocupados com o que não podemos resolver, ao invés de partir para as soluções daquilo que está ao nosso alcance?

De tanto eu contar essa história, virou bordão aqui em casa dizer: “Ela é adulta, ela se vira!” (E serve também na versão masculina ou no plural, claro!) Até alguns amigos já adotaram a expressão; porque é perfeita para aquelas pessoas que se fazem de vítimas quando na verdade deveriam ser responsáveis pelas consequências dos seus atos. É perfeita também para nós mesmos, quando precisamos de um ânimo extra para sermos mais crescidinhos. Vale ainda para simplesmente desencanar de alguma preocupação boba que insiste em martelar na nossa mente.

A universidade está o tempo todo me lembrando que preciso ser a adulta da relação. Uma boa parte da sua população vive como se estivesse na “Terra do Nunca”, para usar a feliz expressão do Arthur Dapieve. É uma terra de “meninos perdidos” que não querem crescer, que ficam chorando pelos cantos porque a mamãe não chegou para contar histórias, não resolveu seus probleminhas pessoais, seus atrasos, seus esquecimentos, suas negligências, seus trabalhos incompletos, oh, e nem recuperou o pen-drive que foi comido pelo crocodilo Tic-Tac!

Na internet, é mais ou menos a mesma coisa. Reclamam do Facebook como se não existissem os botões block, unfollow, desconectar, turn off!  Concordo que é difícil não ver, não clicar, não comentar o fast-post da hora. Mas crescer tem disso: a consciência de que você é que aperta os botões possíveis.

E foi um botão escrito SIM que apertei quando chegou pelo Facebook a mensagem da linda adulta-menina-atriz-palhaça-poeta-e-mãe Genifer Gerhardt! Era uma vez um mundo encantado de personagens, histórias e miniaturas incríveis. Me apaixonei à distância pelo seu projeto de ter um carrinho chamado Tempo: um tempo para criar, encantar, narrar, viajar, trocar. Desenhei e pintei essas imagens todas, e lá foi ela percorrer as estradas com o seu “Brasil pequeno itinerante” ouvindo, tocando e cantando; fazendo rir e fazendo chorar. A Genifer é o tipo de adulta que mais admiro: tá no volante da sua vida, mas não esquece de aprender, brincar e compartilhar. Obrigada, querida, pelo convite para viajar contigo! Vocês podem acompanhar essa viagem no Tempo e conhecer mais da poesia da Genifer e do Timtim no blog brasilpequenoitinerante.blogspot.com, no Youtube (filmes lindos!!) e no Facebook.

tempomini

2 Coisas impossivelmente-animadoras-bonitas-emocionantes-e-dignas-de-nota da semana passada:

* O blog fez dois anos no dia 6/11/2015! Comemorei por dentro, quietinha, mas feliz. Persistir é um exercício de teimosia, mas sobretudo de muita humildade — de encontrar forças para recomeçar toda semana, mesmo quando falho. E a realidade foi bem essa: justo na semana do aniversário, não dei conta de publicar o post!

* O lado bom: a falta da semana passada tem tudo a ver com a existência do blog. Foi através dele que acabei me envolvendo na campanha #cancerinfantiltemcura — um trabalho de pessoas voluntárias incríveis, com quem tive a sorte de poder colaborar. Foi muita emoção participar da caminhada no domingo, vendo tanta gente feliz, celebrando a vida, e vestindo uma camiseta com meus desenhos! É boa demais a sensação de ser útil nesse mundo. (A camiseta continuará cumprindo seu papel de gerar renda para as crianças e jovens em tratamento, como vocês podem ver na lateral do blog.)

Sobre os desenhos: As imagens que abrem esse post foram feitas a partir de fotografias do universo da Genifer Gerhardt. O caminhãozinho Tempo foi feito a partir de fotos de várias caminhonetes, com a ajuda das ideias da própria Genifer para o projeto de reforma. Em ambos os casos, desenhei primeiro a lápis, depois passei canetinha nanquim 0.05, em papel Arches 300gr Satinée. No final, fiquei vários dias pintando com aquarela, até chegar nas cores que queria. As imagens aqui estão em baixa resolução porque os arquivos em boa qualidade são para uso do projeto.